Alex Tremo and Edixon – fucking in the kitchen
O silêncio na biblioteca da universidade era tão espesso que se podia ouvir o virar das páginas e o lápis deslizando sobre o papel. Alex Tremo era uma dessas sombras silenciosas. Cabelos castanhos sempre um pouco caídos sobre os óculos, ele se aninhava em uma mesa no canto, cercado por pilhas de livros de Teoria da Literatura. Seu mundo era feito de estruturas narrativas, subtextos e a segurança das palavras impressas. Ele era metódico, tranquilo, e preferia a companhia de personagens fictícios à imprevisibilidade das pessoas reais.
Edixon era o oposto de uma sombra. Ele era um clarão de cor e som. Um estudante de música que carregava seu violão nas costas como uma extensão do próprio corpo, ele usava jaquetas de couro com pins de bandas e calças rasgadas não por moda, mas por uso. Ele não entrava na biblioteca; ele invadia. Suas botas faziam um eco suave, e ele assobiava baixinho uma melodia que só ele conhecia.
Seus mundos colidiram na seção de poesia do século XX. Alex, em pé na escada móvel, tentava alcançar um volume de e.e. cummings. Edixon, passando por baixo, parou e, sem cerimônia, esticou o braço e pegou o livro.
“Aqui”, disse Edixon, entregando-o com um sorriso fácil que fez Alex perder o fôlego. “Gosta de coisas sem maiúsculas?”
Alex, desconcertado, desceu da escada. “Gosto da quebra das estruturas”, ele respondeu, sua voz mais suave do que o pretendido.
“Justo”, Edixon riu. “Eu quebro guitarras. Quase a mesma coisa.”
Ele foi embora antes que Alex pudesse formular uma resposta, deixando para trás o cheiro de cigarro e o eco de sua risada.
Edixon começou a aparecer. Sempre na mesma hora, sempre na mesa ao lado de Alex. Ele não estudava; ele rabiscava partituras em cadernos espirais, suas canetas batendo um ritmo incessante na mesa. Era irritante. Era intrusivo. Era… vital.
Alex, cuja vida era um estudo da emoção através do texto, estava sendo confrontado com a emoção em sua forma mais crua e não filtrada. Edixon falava de música como se ela fosse um organismo vivo, algo que se sentia no sangue e nas entranhas. Alex falava de livros como se fossem arquitetura sagrada.
O amor não foi um romance. Foi uma colisão lenta e gradual de dois universos. Foi Alex, um dia, fechar seu livro e perguntar: “O que você está compondo?”
Edixon olhou para ele, surpreso. “Um blues. Sobre um cara que fica preso em sua própria cabeça.”
“Parece… catártico.”
“É. Você deveria tentar.”




