Alex Marte and Oscar Bear fuck

O metrô de Nova Iorque era um organismo pulsante, um rio subterrâneo de corpos e solidão. **Alex Marte** navegava nele como um submarino silencioso. Fones de ouvido no máximo, playlist de *synthwave* criando uma barreira contra o mundo. Durante o dia, era um desenvolvedor de software, organizando códigos em linhas limpas e lógicas. À noite, seu apartamento-minimalista no Brooklyn era um santuário de silêncio e luzes LED azuis. Ele gostava das coisas previsíveis, controláveis. Pessoas, em sua maioria, não se encaixavam nessa categoria.
**Oscar Bear** era o oposto de um submarino. Ele era um vulcão de pelúcia. Um homem grande, de sorriso fácil e voz que ecoava sem esforço pelos vagões, sempre acompanhado por uma mochila cheia de materiais de arte. Dava aulas de arte para crianças em um centro comunitário no Bronx e acreditava que o mundo precisava de mais glitter e abraços. Seu apelido, “Bear” (Urso), vinha não só da estatura, mas do jeito aconchegante, quase desajeitado, com que ocupava espaço.
Eles se esbarraram literalmente na plataforma da estação Union Square. Alex, com os olhos vidrados na tela do celular, trombou com o peito macio e amplo de Oscar, derrubando uma lata de tinta spray que rolou pelos trilhos com um barulho metálico.
“Olha só, um asteroide!”, brincou Oscar, segurando Alex pelos ombros antes que ele perdesse o equilíbrio. “Tudo bem, camarada?”
Alex, atordoado, puxou um fone de ouvido. “A tinta…”, balbuciou, olhando para os trilhos.
“É só tinta. O importante é que você não virou um desenho animado no trilho”, riu Oscar, seu sorriso iluminando o rosto suado. “Eu sou o Oscar. Mas pode me chamar de Bear.”
“Alex”, respondeu Alex, ainda desconcertado pela energia radiante daquele homem.
Esse seria o fim, não fosse pelo destino (ou pelo constrangimento de Alex). No dia seguinte, na mesma estação, na mesma hora, eles se viram de novo. Oscar acenou entusiasmado, como se visse um velho amigo. Alex, por um impulso que não entendia, acenou de volta.
Começou um ritual estranho. Encontros de dois minutos na plataforma. Oscar sempre com uma história: uma criança que pintou um cachorro verde, a batalha épica para limpar glitter do chão, seu sonho de fazer um mural gigante no bairro. Alex, aos poucos, começou a tirar os fones antes de chegar à estação. Começou a contar coisas pequenas: um bug irritante no código, a cafeteira nova que quebrou. Oscar ouvia como se fossem as notícias mais importantes do mundo.
Alex descobriu que o caos de Oscar tinha uma lógica própria, uma lógica de cor e conexão. Oscar descobriu que por trás da fachada controlada de Alex, havia um humor seco e afiado e uma curiosidade tímida sobre tudo.
O primeiro encontro fora do metrô foi um acidente calculado. Oscar “esqueceu” sua pasta de esboços no banco ao lado de Alex. Alex, com o coração batendo forte, pegou-a e enviou uma mensagem para o número rabiscado na capa: *”Tenho um urso perdido aqui. Parece faminto por lápis.”*
Eles se encontraram em um café barulhento. Alex sentiu-se sobrecarregado. Oscar era *tanto*. Suas mãos gesticulavam, sua risada dominava a mesa. Alex se encolheu. Mas então, Oscar parou. Baixou a voz. “É muito, né? Eu assusto as pessoas. Pode falar.”
A honestidade desarmou Alex. “É só… diferente”, ele admitiu. “Mas não é ruim.”
O amor não veio como uma colisão, mas como uma mistura de tintas. Veio nas tardes em que Alex ia ao centro comunitário, ajudando Oscar a montar cavaletes, descobrindo uma paciência que não sabia ter. Veio quando Oscar apareceu no apartamento imaculado de Alex com um pote de tinta e disse: “Uma parede. Só uma. Deixa eu colocar uma cor aqui?”, e pintou um pequeno, perfeito planeta azul atrás do sofá. Alex não reclamou.
Veio na primeira vez que Oscar o abraçou de verdade, na despedida em uma plataforma, e Alex, em vez de se retrair, afundou no aconchego, descobrindo que aquele era o lugar mais silencioso e seguro do mundo.
Agora, o apartamento no Brooklyn ainda tem suas luzes LED, mas agora competem com posters coloridos e esboços pregados na geladeira. A playlist de Alex ganhou algumas músicas folk alegres e desengonçadas. E o metrô não é mais um rio de solidão, mas o caminho para casa.
Alex Marte, o homem das linhas de código, encontrou em Oscar Bear, o homem das linhas soltas, um amor que não apagou sua lógica, mas pintou-a com as cores mais vibrantes. E Oscar, que passou a vida espalhando calor, encontrou em Alex um porto seguro, alguém que o ama não *apesar* de ser um vulcão de pelúcia, mas porque ele aquece todo o seu mundo. Eles são a prova de que às vezes, o amor é encontrar na estação de metrô da vida, a pessoa certa para compartilhar a viagem.




