Alejo Ospina fucks himself with a dildo

Alejo Ospina vivia em cores. Suas mãos, sempre manchadas de tinta ou carvão, eram um testemunho de uma vida dedicada a traduzir o mundo em arte. Seu apartamento minúsculo era um caos organizado de telas, esboços, livros de arte e a trilha sonora constante de jazz que saía de um velho toca-discos.
Ele pintava a cidade. As pessoas em seus cafés, a luz do fim de tarde batendo nos prédios antigos, a melancolia da chuva contra os vidros. Capturava a alma de tudo, mas sentia que sua própria alma estava sempre um passo atrás, observando, nunca realmente participando.
Uma tarde, em seu café usual, ele viu alguém. Não era a primeira vez – a pessoa era praticamente um móvel do lugar, sempre sentada no mesmo canto, imersa em uma pilha de livros ou furiosamente digitando em um laptop. Mas naquele dia, a luz do inverno cortou o ambiente de um jeito diferente, iluminando o rosto concentrado do estranho.
Alejo não pensou duas vezes. Abriu seu caderno de esboços e começou a desenhar. Capturou a curva da nuca, a franja caída sobre os olhos, a maneira intensa como os dedos repousavam sobre as teclas. Foi um dos seus melhores trabalhos, cheio de vida e de uma quietude pulsante.
Dias se passaram. Alejo continuou a desenhar o estranho, cada esboço um pouco mais ousado, um pouco mais íntimo. Até que, em um dia particularmente movimentado, o estranho se levantou para ir embora e, por acidente, derrubou a bolsa de Alejo, espalhando cadernos e lápis pelo chão.
Envergonhadíssimo, o estranho se ajoelhou para ajudar a juntar tudo. Foi quando ele abriu um dos cadernos e parou, congelado. Seus olhos percorreram página após página, todas preenchidas com seu próprio rosto, suas próprias poses, sua própria essência capturada em traços de carvão e nanquim.
Alejo, corando até as orelhas, achou que o mundo ia desmoronar. Ele se preparou para ser repreendido, chamado de esquisito, de invasivo.
Em vez disso, o estranho levantou os olhos. Eles estavam brilhando, não com raiva, mas com admiração.
“Você… você é o artista”, ele disse, sua voz mais suave do que Alejo imaginara. “Eu sempre vejo você pintando. São… incríveis.”
“Eu… desculpe”, foi tudo que Alejo conseguiu gaguejar. “É que a luz… e você sempre parece…”.
“Perdido?” o estranho completou com um sorriso tímido. “Sim, eu fico. Escrevendo minha tese. Ela me consome toda.” Ele estendeu a mão. “Sou Daniel.”
Alejo pegou sua mão, sentindo as manchas de tinta em seus dedos se misturarem com a pele lisa de Daniel. “Alejo. Alejo Ospina.”
A partir daquele dia, o ritual mudou. Alejo ainda ia ao café, mas agora se sentava à mesa de Daniel. Ele desenhava, Daniel escrevia. Às vezes, em silêncio; outras vezes, conversando sobre tudo e nada. Alejo descobriu que Daniel era um poço de histórias e melancolia doce, e Daniel descobriu que por trás da timidez de Alejo, havia um universo inteiro de emoção e beleza.
O amor não veio com grandiosidade. Veio no oferecer de um café, no empréstimo de um livro sublinhado, no modo como Daniel começou a aparecer no apartamento de Alejo, não como um modelo, mas como um residente. Ele trouxe ordem gentil para o caos de Alejo, e Alejo trouxe cor e calor para a vida metódica de Daniel.
Uma noite, com jazz tocando baixo e a cidade iluminada pela janela, Daniel apontou para uma tela nova onde Alejo começara a pintar. Era os dois, no café, no momento em que se encontraram.
“É a sua melhor obra”, Daniel sussurrou, encostando a cabeça no ombro de Alejo.
Alejo balançou a cabeça, envolvendo-o com os braços, seus dedos ainda sujos de tinta azul. “Não. Você é.”