Alam Herrera and Tucundente fuck on the deck

Alam Herrera era um geólogo pragmático. Suas mãos, calejadas por rochas e amostras de solo, entendiam mais de estratificação e eras glaciais do que de carícias. Ele havia sido enviado para o coração do Pantanal para um estudo de impacto ambiental, e seu mundo era feito de mapas, bússolas e anotações meticulosas.
Tucundente era o Pantanal em forma de homem. Guia de expedição, nascido e criado naquela vastidão alagada, seus pés pareciam ler o solo lamacento como outros leem um livro. Seus olhos, da cor de âmbar, enxergavam a vida onde Alam só via ecossistemas. Tucundente não falava muito, mas quando falava, suas palavras eram como o rio: calmas, profundas e carregando histórias antigas.
Nos primeiros dias, a relação foi puramente profissional. Alam, com suas perguntas precisas; Tucundente, com suas respostas curtas. Alam via a beleza do lugar como um dado em sua planilha. Tucundente a sentia como a própria respiração.
A mudança começou em uma tarde quente, quando a voadeira quebrou em um canal remoto. Enquanto Alam remexia ferramentas inúteis, irritado com o atraso no cronograma, Tucundente simplesmente desligou o motor e sentou na borda do barco.
“O Pantanal não gosta de pressa”, disse ele, olhando para o horizonte infinito. “Ele ensina a paciência ou afoga o apressado.”
Frustrado, Alam resignou-se a observar. E, forçado à quietude, começou a ver. Viu a dança das garças, a placidez dos jacarés, o voo rasante das ariranhas. E viu Tucundente, paciente, fundindo-se com aquele cenário, como se fosse uma árvore ou uma rocha—parte fundamental daquela paisagem.
Nos dias seguintes, Alam começou a fazer perguntas diferentes. Não mais “que tipo de solo é este?”, mas “por que o céu fique tão vermelho no fim da tarde?”. E Tucundente, então, se abriu. Contou lendas sobre o Curupira que protege as matas, mostrou os rastros quase invisíveis de uma onça-pintada, ensinou a ouvir o canto dos pássaros como se fossem notícias do mundo.
Alam, acostumado a lógicas e certezas, descobriu um novo tipo de conhecimento: o conhecimento que vem do sentir, do pertencer. E, no centro desse novo mundo, estava Tucundente. Sua força silenciosa, sua sabedoria ancestral, começaram a ocupar os pensamentos do geólogo de uma forma que nenhum mineral jamais ocupara.
O ápice foi em uma noite sob um céu estrelado tão vasto que parecia engolir a Terra. Sentados à beira do rio, ouvindo a sinfonia noturna do Pantanal, Alam sentiu um frio na espinha. Tucundente, sem dizer uma palavra, pegou um poncho e o colocou sobre seus ombros. Seus dedos roçaram o pescoço de Alam, e foi como um choque, um terremoto silencioso.
“Alam”, sussurrou Tucundente, seu nome saindo como um som estranho e familiar naquela boca. “Você parou de lutar contra o Pantanal. Ele está te aceitando.”
Alam olhou para aqueles olhos âmbar refletindo as estrelas. E, sem pensar em planilhas, prazos ou relatórios, ele se moveu. Foi um movimento lento, inevitável, como a maré. Seus lábios encontraram os de Tucundente, e o mundo pragmático de Alam desmoronou.
O beijo não era sobre paixão desenfreada, mas sobre descoberta. Era o sabor do rio, do mistério, de um lar que ele não sabia que estava procurando. Era a ciência encontrando a alma, a razão se rendendo ao sentimento.
Quando se separaram, a sinfonia do Pantanal parecia mais alta, mais clara. Tucundente encostou a testa na de Alam, um gesto de cumplicidade profunda.
Alam Herrera, o geólogo das certezas, havia encontrado sua maior descoberta não no solo, mas no coração de um homem chamado Tucundente. E o Pantanal, testemunha silenciosa, abraçou os dois, unindo em um único laço o rigor da ciência e a sabedoria da terra.