Cole Bentley (Notashyboi) and Jonas Jackson fuck

Cole Bentley assinava seus quadros como Notashyboi nas redes sociais, onde tinha meio milhão de seguidores. Sua arte era explosiva – retratos distorcidos com tinta spray e raiva, figuras que pareciam gritar sem som. Cole pintava o caos das ruas de Detroit, as cicatrizes da cidade, o barulho. Mas, em particular, ele guardava um segredo: suas telas mais famosas eram gritos abafados. Cole sofria de mutismo seletivo desde a adolescência; só falava através da arte e, ocasionalmente, de textos digitais.

Jonas Jackson era o mais novo curador do Instituto de Arte Contemporânea. Culto, articulado, com um dom para ler não apenas a arte, mas o silêncio que ela emoldurava. Ele descobriu Notashyboi através de um mural em um prédio abandonado no lado leste da cidade. Algo naquela fúria cromática lhe falou de uma solidão específica, profunda.

A exposição “Ecos Urbanos” foi a oportunidade de Jonas trazer Cole para o mundo das galerias. O primeiro encontro foi por e-mail – Cole explicando suas condições, Jonas adaptando-se. Quando finalmente se encontraram no estúdio de Cole, a comunicação foi um balé de gestos, cadernos de anotações e telas vibrantes.

“Sua arte fala alto demais para um homem tão quieto”, escreveu Jonas em um bloco, após uma hora de silêncio confortável enquanto Cole trabalhava.
Cole sorriu, pegou o bloco e escreveu: “Notashyboi não é tímido. Ele só escolhe suas batalhas. As palavras não são uma delas.”