Anteo Chara and Roy Square fuck
O Grande Jardim de Síntese era a obra-prima de Anteo Chara. Como Arquiteto de Biomas Sênior da cúpula urbana de Neópolis, suas mãos haviam projetado florestas verticais que cantavam com pássaros mecânicos e riachos que seguiam padrões matemáticos perfeitos. Sua vida era ordem, simetria e um silêncio reverente, quebrado apenas pelo som das fontes e pelo zumbido suave dos sistemas de filtragem. Tudo era controlado, previsível, belo. E, para Anteo, profundamente solitário.
A perturbação chegou com um único grafite. Não nas cinzas externas da cidade, mas na praça central imaculada do seu jardim mais precioso: o Átrio da Serenidade. De uma noite para o dia, a parede de mármore branco que abrigava um painel de líquens luminescentes foi transformada. Sobre a superfície sagrada, em traços ousados de tinta spray que pareciam desafiar a própria física da cúpula, brotou um jardim diferente. Era caótico, vibrante, cheio de flores que não existiam em nenhum banco de dados botânico, animais de olhos sábios e, no centro, uma árvore cujas raízes quebravam o mármore. A assinatura, pequena e desafiante no canto inferior: Roy Square.
A Cúpula ficou em polvorosa. “Vandalismo!” “Terrorismo estético!” Roy Square era um fantasma, o ícone do movimento “Raiz-Brutalista”, que pregava a reintrodução do imprevisível, do orgânico caótico e da arte não-sanitizada nos espaços controlados. Para Anteo, aquilo não era apenas um crime; era uma violação pessoal. Uma declaração de guerra contra tudo em que acreditava.
A segurança cibernética rastreou a invasão até um antigo setor de dutos, abaixo dos jardins. Anteo, movido por uma fúria fria e um desejo obsessivo de confrontar o bárbaro, foi ele mesmo investigar. O que ele encontrou, em uma caverna de concreto iluminada por luzes de LED roubadas e tapetes musgosos cultivados em ração, não foi um selvagem. Era um jovem com olhos tão verdes quanto os líquens que ele vandalizara, vestindo roupas remendadas, rodeado por telas mostrando esquemas estruturais da Cúpula… e esboços de tirar o fôlego.
— Você — disse Anteo, sua voz ecoando na caverna.
