Aquiles Twink (aquileskantt) gets fucked by Caio Veyron and Gabriel Coimbra
O apartamento de Caio Veyron era uma cápsula minimalista, toda linhas retas, concreto aparente e silêncio. Ele projetava carros conceituais para uma grande marca, e sua vida era um algoritmo de precisão e previsibilidade. Até que o apartamento ao lado foi alugado.
De dentro vinham, em horários completamente aleatórios, explosões de som. Não era música alta qualquer, eram sinfonias. Rachmaninoff, Tchaikovsky, pedaços de ópera que atravessavam as paredes como um tsunami emocional. E no centro do turbilhão, estava Gabriel Coimbra.
Gabriel era um pianista concertista, mas de um tipo raro. Não se contentava com salas de concerto. Sua arte era um vulcão que precisava irromper a qualquer hora, sem aviso. A primeira vez que Caio bateu à porta, rigoroso às 23h07 de uma terça-feira, foi para reclamar. Abriu a porta um homem com olhos de tempestade, cabelos rebeldes e as mãos ainda tremendo de alguma paixão das teclas.
“Desculpe”, disse Gabriel, sem um pingo de arrependimento genuíno. “É que o terceiro movimento simplesmente *exigiu* ser ouvido agora. Entende?”
Caio, que entendia apenas de torque e aerodinâmica, não entendeu. Mas ficou paralisado pela intensidade daquele olhar.
A segunda vez que Caio bateu, foi para levar uma xícara de café espresso perfeito, às 6h da manhã, depois de uma noite de *Nocturnes* de Chopin. “Parece que você vai precisar disso”, disse, seco.
A terceira vez, não bateu. Sentou-se no corredor, do lado de fora da porta de Gabriel, e apenas ouviu. Ouviu a beleza brutal, a disciplina caótica. Gabriel descobriu-o ali, sentado no chão frio, e em vez de se surpreender, apenas acenou com a cabeça para dentro.
Caio entrou. O apartamento de Gabriel era o oposto do seu: livros e partituras amontoadas, um velho piano de cauda como soberano absoluto, xícaras de chá frio por toda parte. Era gloriosamente humano.
“Explique”, pediu Caio, apontando para o piano.
“Explique”, retrucou Gabriel, apontando para o desenho de um carro futurista na tela de Caio.
E explicaram. Caio falou de curvas, de velocidade, do silêncio dentro de um cockpit em alta performance. Gabriel falou de pausas, de dinâmicas, do rugido de uma orquestra dentro do silêncio de uma nota única. E descobriram, com assombro, que falavam da mesma coisa: da paixão que toma forma, da emoção transformada em algo tangível.
Caio começou a desenhar ouvindo Beethoven. Gabriel começou a tocar estudos lentos e contemplativos durante as madrugadas silenciosas de Caio. A música não parou, mas agora tinha um destinatário. A precisão de Caio não desapareceu, mas agora abria espaço para a improvisação.
Uma noite, depois de um concerto triunfal de Gabriel, eles subiram para o apartamento. Em vez de ir para portas separadas, Caio segurou a mão de Gabriel – a mão que havia comandado teclas e plateias – e puxou-o suavemente para seu santuário de silêncio.
“Não preciso mais ouvir pela porta”, disse Caio, sua voz mais suave do que Gabriel jamais imaginara possível.
“E eu”, sussurrou Gabriel, tocando o rosto anguloso de Caio, “preciso aprender o silêncio que habita dentro do seu barulho.”
Caio Veyron, o arquiteto da velocidade silenciosa, e Gabriel Coimbra, o maestro do barulho sublime, encontraram no outro a pausa e o crescendo que seus corações, cada um à sua maneira, sempre estiveram buscando. Juntos, compuseram uma melodia que nem a partitura mais complexa poderia capturar: a sinfonia íntima e perfeita de se serem, finalmente, ouvidos.




