Sean Xavier and Andre Donovan fuck

A chuva em Nova Avalon não caía, ela esmagava a cidade, um tambor metálico contra o asfalto e o vidro. No vigésimo andar do edifício Aethelred, Sean Xavier observava o dilúvio através da parede de vidro à prova de balas de seu escritório. A água escorria como lágrimas de um gigante, apagando os neons e as vidas lá embaixo. Ele era um arquiteto de silêncios e sombras, um homem que consertava problemas antes que eles se tornassem manchetes. Seu trabalho era manter as engrenagens do mundo de seus clientes girando sem atrito e, mais importante, sem ruído.

A porta de madeira maciça de seu escritório abriu-se sem um som. Andre Donovan entrou, sacudindo a água de um sobretudo comum que parecia fora de lugar naquele ambiente estéril. Ele não era um cliente. Era um fantasma com um crachá, um detetive da Divisão de Homicídios com olhos que haviam visto muito do lado de baixo dos tapetes que Sean mantinha tão impecáveis.

— Xavier — cumprimentou Andre, sua voz um baixo rouco que competia com o trovão lá fora. — Espaço agradável. Parece uma galeria de arte onde as peças mais valiosas são os segredos.

Sean nem se virou. — Donovan. A chuva não lhe deu trabalho suficiente? Afogamentos, acidentes de trânsito… coisas da sua alçada.

— A minha alçada é a morte, Sean. E a morte às vezes gosta de se vestir de acidente. Como a do Sr. Alistair Finch. — Andre jogou uma fotografia em preto e branco na imensa mesa de vidro de Sean. Era a imagem de um homem de terno, caído ao pé de uma escada monumental em um saguão de mármore. Uma queda elegante, para uma morte desagradável.

Sean deu uma olhada rápida. — Trágico. Li no jornal. Um tropeção. Finch era velho, o coração fraco.

— Era velho. O coração era fraco. Mas as escadas são novas, projeto do premiado arquiteto Sean Xavier, se não me engano. Corrimãos na altura perfeita, degraus com o coeficiente de atrito ideal… projetadas para serem seguras.