Dante and Romeo fuck – danteandromeo

O estúdio cheirava a terebintina e tinta a óleo. Dante, um homem de meia-idade com os dedos manchados de carvão e uma expressão perene de descontentamento, observava a tela. Era um caos de cinzas e sombras, uma representação do Inferno que o consumia há meses. Falta de luz, falta de vida.
A porta do apartamento rangiu.
— Vovô? — a voz era jovem, clara como um sino.
Dante não respondeu, tentando capturar a agonia de um contorcionista perdido nas sombras da tela.
— Trouxe um presente para você.
Romeo, de doze anos, entrou no santuário proibido, ignorando a placa improvisada de “NÃO ENTRE”. Em suas mãos, ele carregava um pequeno vaso de barro onde uma única planta resistente — uma suculenta com forma de rosa — teimava em crescer. Ele a colocou na única janela do estúdio, um retângulo enlameado que mais parecia uma cela.
— Precisa de sol — anunciou Romeo, esfregando a terra das mãos nas calças jeans.
— O Inferno não tem sol, menino — resmungou Dante, sem desviar os olhos da tela.
— Então isto não é o Inferno — Romeo respondeu, simplesmente. — É só o seu estúdio. E está muito triste.
Dante finalmente se virou, prestes a ralhar com o neto por sua invasão e seu comentário ingênuo. Mas viu o que Romeo fizera. Um único raio de sol da tarde, outonal e fraco, atravessou o vidro sujo e iluminou a pequena suculenta, fazendo suas bordas verdes brilharem como esmeralda. Aquele ponto de luz vivo e vibrante caiu acidentalmente sobre um canto da tela, iluminando a figura do contorcionista.




