Down Under Pleasure – Santos Levante and Dandownunder fuck

O universo de Santos Levante era composto de linhas retas e horizontes certos. O azul inflexível do Mediterrâneo encontrava a terra firme de Valência em um corte limpo, como uma página bem virada. Sua vida, na vinha da família, seguia o ritmo das estações: poda, floração, colheita. Seus pés conheciam cada centímetro da terra vermelha, e seu futuro era tão previsível e sólido quanto os barris de carvalho na adega. Seu nome, “Levante”, era o vento leste que trazia o cheiro do mar, mas também era uma âncora que o mantinha preso àquele pedaço de mundo.
O universo de Dan era uma mancha borrada no mapa. “Dandownunder” não era apenas um apelido de mochileiro australiano; era uma filosofia. Era o sol implacável do Outback, o sal grudado no cabelo depois de um surf em Byron Bay, e a crença inabalável de que o melhor destino era aquele que surgia na última hora, em um bilhete de trem ou em uma conversa com um estranho. Seu mundo era feito de curvas, de rotas sinuosas e finais abertos.
Eles se encontraram não sob um céu romântico, mas sob o abafado teto de zinco da estação de trem de uma cidadezinha no interior. Santos, com uma pasta de couro contendo planilhas de custos da vindima, esperava o regional atrasado. Dan, sentado no chão encostado em sua mochila colossal, tentava fechar um zíper teimoso, cercado por um aura de poeira e liberdade.
“Perdón,” murmurou Santos, tentando passar sem esbarrar na bagunça ambulante.
“No stress, amigo!” Dan respondeu, erguendo a cabeça. Seus olhos, de um verde acinzentado como folhas de eucalipto sob o sol, crivaram Santos com uma curiosidade imediata. “Tempo é uma invenção, sabia? Especialmente aqui.”
Santos, preso à sua invenção de tempo e obrigações, ficou paralisado por um segundo. A leveza daquela fala soou como um insulto delicioso. Ele acenou com a cabeça, formal, e encontrou um banco mais distante. Mas seus olhos, treinados a observar nuances nas uvas, não conseguiam deixar de observar o viajante: os joelhos desgastados das calças, o jeito despretensioso como ele ofereceu água a um cachorro abandonado, o sorriso fácil que surgia sem motivo aparente.




