Archangel and Ankh fuck
A cidade era uma tapeçaria de sombras e néon, e Ankh era um fio solto nesse tecido. Andarilha, colecionadora de esquecidos, ela vagava pelas ruas com uma mochila cheia de livros desalinhados e um olhar que via histórias nas rachaduras do asfalto. Sua vida era um pergaminho em branco que ela preenchia a cada dia, sem dono, sem passado claro. Até a noite em que a tempestade desceu com fúria bíblica, e ela se refugiou sob a marquise quebrada da Igreja de São Miguel Arcanjo.
Foi lá que o viu pela primeira vez.
Ele não estava rezando. Estava parado no meio da nave deserta, olhando para o vitral rachado que representava o próprio Arcanjo Miguel derrotando um dragão. A luz dos relâmpagos cortava sua figura alta e imóvel, iluminando um perfil tão severo que parecia esculpido no mármore do altar. Usava um sobretudo escuro, encharcado, e seus cabelos negros estavam colados ao rosto. Mas não era um homem comum. Havia uma quietude nele que parava o tempo, uma aura de antiguidade que fez o ar ficar pesado.




