Dani Brown bottoms for Andrea Suarez
A livraria Páginas Encantadas cheirava a papel velho, café fresco e quietude. Dani Brown era o coração pulsante do lugar. Seus cabelos cacheados eram uma nuvem castanha que parecia guardar histórias, e seus óculos de aro fino estavam sempre escorregando pelo nariz enquanto ela organizava os livros com uma precisão militar. Seu reino era a seção de ficção científica e fantasia, um labirinto ordenado de mundos impossíveis. Dani acreditava na magia das páginas, mas não na do mundo real. A vida real era bagunçada e imprevisível.
Andrea Suarez era a tempestade que derrubou as prateleiras.
Ela entrou na livraria numa terça-feira chuvosa, toda ruídos e urgência. Botas de combate encharcadas, uma moto estacionada de qualquer jeito na calçada, e uma jaqueta de couro que parecia ter visto mais estradas do que a própria estrada. Andrea era uma fotógrafa freelance, e estava na cidade por apenas uma semana, documentando a arquitetura esquecida do centro. Precisava de um livro específico sobre ornamentos art déco, algo obscuro.
“Tem que ser a edição de 1998, com o capítulo sobre ferragens”, ela disse, a voz um pouco áspera, como se não usasse muito. Seus olhos, de um verde musgo intenso, varriam a livraria com impaciência.
Dani, acostumada a pedidos vagos de “um livro bom”, sentiu um desafio. “A seção de arquitetura é ali atrás. Mas duvido que tenhamos essa edição específica. Posso encomendar.”
“Não tenho tempo para encomendar”, Andrea retrucou, já se movendo em direção às prateleiras.




