Master Ikarus – I was put in a room and fucked by the blond dom
**O Jardineiro das Alturas**
Em uma cidade de névoa perpétua e arranha-céus que se perdiam nas nuvens, havia uma lenda: o **Master Ikarus**. Ninguém sabia seu nome verdadeiro, apenas seu título e sua arte. Ele era o *highline walker*, o equilibrista que estendia suas finas fitas de *webbing* entre os pináculos mais inacessíveis da metrópole. Enquanto o mundo vivia com os pés firmes no chão ou em pisos de concreto, o Master Ikarus dançava no céu, um ponto solitário de cor entre o cinza e o branco. Sua vida era um ritual de preparação, concentração absoluta e momentos fugazes de glória vertiginosa. Ele não caminhava pela fita; ele conversava com o vazio, e o vazio, em respeito, o sustentava.
Ele tinha uma única regra: nunca olhar para baixo para as pessoas. Apenas para o horizonte, para a próxima ancoragem, para dentro de si. As pessoas eram borrões, ruído. Sua única conexão com a terra era Seu pequeno estúdio no último andar de um prédio antigo, cheio de rolos de fita, equipamentos de segurança minuciosamente inspecionados e um silêncio sagrado.
Tudo mudou em um dia de vento traiçoeiro. Ikarus estava montando uma linha entre duas torres gêmeas de vidro quando um jato de ar imprevisto fez sua mochila de ferramentas escorregar. Ela caiu, não no abismo, mas no terraço de um prédio mais baixo, um jardim suspenso que ele nunca tinha notado.
Relutantemente, ele desceu para recuperá-la. O que encontrou não foi apenas um terraço, mas um oásis. Um caos controlado de ervas, flores raras e pequenas árvores frutíferas crescia em latas, banheiras velhas e sacos de estopa. E no meio desse verde, com as mãos cobertas de terra, estava **Elara**.
Elara era a jardineira do céu. Enquanto Ikarus desafiava o vazio, ela insistia em criar vida nele. Seu apartamento era o andar inteiro, e ela havia dedicado cada centímetro quadrado da laje ao seu jardim. Ela não olhava para o horizonte; ela olhava para as raízes, para as pétalas que se abriam, para os insetos que polinizavam suas plantas contra todas as probabilidades.
— Você deve ser o fantasma dos andares de cima — disse ela, sem surpresa, erguendo a mochila. — Sua coisa caiu na minha salsa.
Ikarus, acostumado à reverência ou ao medo das pessoas, ficou desconcertado com sua naturalidade. — Master Ikarus — apresentou-se, automaticamente.
— Master? — ela repetiu, um sorriso nos lábios. — Eu sou apenas Elara. Master da compostagem, talvez.
Ele recuperou a mochila, mas seus pés pareciam ter criado raízes no terraço. O contraste era avassalador. Lá em cima, sua arte era sobre risco, leveza, superação. Aqui, a arte era sobre paciência, nutrição, enraizamento. Ele, que passava a vida fugindo da gravidade, estava paralisado por um punhado de terra.
Elara ofereceu-lhe um chá de ervas que ela mesma cultivara. Sentados entre os vasos, ele falou sobre a tensão da fita, a linguagem do vento, o silêncio absoluto a quinhentos metros de altura. Ela falou sobre a paciência das sementes, a linguagem da luz nas folhas, o silêncio profundo da terra que tudo sustenta.
Ikarus começou a visitá-la não por necessidade, mas por desejo. Antes de cada caminhada no céu, ele descia ao jardim. Ela lhe dava um pequeno talismã: uma flor seca, uma folha perfumada, uma pedra lisa. — Para lembrar que há coisas sólidas e bonitas no mundo, — dizia ela.
Ele, por sua vez, começou a trazer para ela coisas do alto: uma pena rara de pássaro migratório, um fragmento de nuvem capturado em um frasco (que era, na verdade, névoa condensada), a sensação do primeiro raio de sol da manhã acima do nevoeiro, que ele descrevia com uma poesia que surpreendia a si mesmo.
O amor nasceu no dia em que ele a convidou para ver. Não para caminhar, nunca isso, mas para sentir. Ele a levou ao topo de seu prédio-estúdio, abaixo da linha onde ele iria caminhar na manhã seguinte. O vento soprava forte.
— É assustador — ela admitiu, olhando para a fita tremulando no vazio.
— É — ele concordou. — Mas é menos assustador quando eu penso no seu jardim. É como se… o jardim fosse minha nova ancoragem. Não no chão, mas no centro de mim. Algo real e vivo para me equilibrar.
Na manhã seguinte, pela primeira vez, Master Ikarus quebrou sua própria regra. No meio da caminhada mais difícil, no ponto mais alto e instável da fita, ele olhou para baixo. Não para o abismo, mas para um ponto específico no terraço mais baixo. Lá, Elara estava, uma pequena mancha verde e colorida em seu vestido de jardineira. Ela não acenava, não gritava. Apenas estava lá. Firme. Enraizada. Florescendo.
E naquele momento, o equilibrista entendeu a verdade mais profunda. Não se tratava de dominar o vazio. Tratava-se de encontrar algo no mundo real pelo qual valesse a pena se equilibrar. A leveza suprema só tinha significado quando contrastada com o peso do amor.
Agora, o Master Ikarus ainda caminha nos céus. Mas sempre com uma pequena mancha de terra no bolso, um presente de Elara. E no jardim suspenso, há uma nova espécie trepadeira, vigorosa e resiliente, que Elara batizou de *Ikarus Volans*. Ela cresce em direção ao céu, mas suas raízes são profundas e firmes no solo que ela preparou. Juntos, o homem do céu e a mulher da terra encontraram um equilíbrio perfeito: ele a ensina a sonhar mais alto, ela lhe dá o chão para onde sempre, sempre, voltar.




