Miles Fallon and Buddyburkephl fuck
A lareira do “Crow’s Nest” crepitava, lançando sombras dançantes nas paredes forradas de livros raros e artefatos inexplicáveis. Era o último refúgio de Miles Fallon, ex-autenticador de relíquias para museus de prestígio, agora um homem cujo nome era sussurrado com desdém – ou cautela – nos círculos certos. Miles tinha um dom: ele sentia a história. Não a leria, mas a sentia como um zumbido nos ossos, um gosto metálico na língua, uma imagem fugaz atrás dos olhos. Esse dom o tornara infalível. Até o dia em que autenticou um diário do século XVII que, segundo ele, continha a localização do “Sussurro de Atlas”, uma suposta fonte primordial de conhecimento geográfico, um mapa do mundo como ele realmente era. O diário era uma falsificação brilhante. Miles foi desacreditado, expulso. O escândalo, ele sabia, fora armado. Alguém queria seu dom fora do jogo.
A batida na porta de carvalho, depois da meia-noite, não era de cliente. Era desesperada. Ao abrir, Miles deparou-se com uma figura encharcada pela chuva de Londres, respiração ofegante. Era um homem mais jovem, com olhos amplos de pavor genuíno e as mãos vazias, mas sujas de terra.
“Senhor Fallon… Eles disseram que você é o único que pode ver o que não está escrito. Meu nome é Buddy Burkett, de Filadélfia. Eles… eles pegaram meu irmão. Eles disseram que eu preciso trazer isso.” Buddy estendeu a mão, não com um objeto, mas mostrando a palma. Nela, tatuada com uma tinta que parecia absorver a luz do fogo, havia uma série de símbolos que não eram de nenhum alfabeto conhecido. Eram como veias, ou raízes, ou rotas de rios subterrâneos.
Miles sentiu um enjoo imediato. Um zumbido agudo invadiu seus ouvidos. Ao tocar levemente a tatuagem, não com os dedos, mas com a mente, ele foi inundado por visões: cheiro de sal e âmbar, o som de pedras se rearrumando sob a terra, a visão de um obelisco negro sob uma luz que não era do sol. Não era uma falsificação. Era a chave. A verdadeira chave que o falsário do diário tentara replicar.
“Quem são ‘eles’?” perguntou Miles, a voz rouca.
“Chamam a si mesmos de Cartógrafos do Vazio,” sussurrou Buddy. “Eles acreditam que o mundo tem ossos, Fallon. Linhas ley de algo mais antigo que a rocha. E o ‘Sussurro’… não é um mapa de lugares. É um mapa de vazios. De portas. Meu irmão, ele é um geólogo brilhante, eles o usaram para ler os estratos, para encontrar o ponto de inserção…”
Miles entendeu. O falsário do diário era um dos Cartógrafos. Arruinaram Miles para que, quando a verdadeira chave aparecesse – uma chave viva, tatuada na pele de um homem comum –, ninguém desse crédito. Buddy era o portador involuntário, seu irmão, a bússola. E Miles, o intérprete desacreditado.




