Gabriel Coimbra fucks Swhirly (Round 2)
O mundo de Gabriel Coimbra era feito de silêncio, linhas retas e previsibilidade. Como arquiteto, sua vida era um exercício de controle: ângulos precisos, orçamentos meticulosos, expectativas atendidas. Sua maior ousadia, pensava ele, fora escolher um tom de cinza fosco para as paredes do seu apartamento minimalista.
Tudo mudou numa terça-feira nebulosa, quando ele herdou de uma tia excêntrica não uma quantia em dinheiro, mas uma coleção de discos de vinil e um pedido peculiar: “Ouça-os em ordem, querido. É uma viagem que nunca fiz.”
Cético, Gabriel colocou o primeiro disco. Era uma capa psicodélica, com letras onduladas que anunciavam: “Swhirly e os Redemoinhos Cósmicos”. Mal a agulha tocou o vinil, sua sala imaculada foi invadida. Não era apenas música; era uma tempestade de órgão elétrico, bateria sincopada, baixo que parecia andar de lado e um saxofone que não tocava notas, mas riscos coloridos no ar. E no centro do turbilhão, uma voz: distorcida, ecoante, cantando letras sobre buracos de minhoca em guarda-chuvas velhos e bailes na superfície de Netuno. Era a voz de Swhirly.
Gabriel ficou paralisado. Sua mente, acostumada a cálculos, tentou encontrar a estrutura, a lógica. Não havia. A música era um labirinto de sons que giravam, se separavam e colidiam, criando uma beleza caótica e absolutamente viciante. Era o oposto de tudo o que ele era. Ele deveria odiar.
Ele ouviu o disco sete vezes seguidas.




