O elevador do prédio da Aethelred & Co., um gigante de vidro e aço no coração da cidade, parou subitamente entre o 14º e o 15º andar. A luz de emergência piscou, banhando a cabine apertada com um tom âmbar sinistro.
Dentro, dois homens estavam presos. Rhyheim Shabazz, em um terno impecavelmente cortado de linho azul-petróleo, não parecia perturbado. Ele examinava a costura de sua própria manga com um olhar crítico, como se o defeito estivesse ali, e não no sistema hidráulico do elevador. Sua presença era calma, mas densa, como a quietude antes de uma tempestade elegante.
Do outro lado, Luca Knight batia no botão do interfone com uma impaciência crescente. Seu visual era uma calculada desordem: jaqueta de couro envernizada, tênis caros e um relógio que custava mais que o carro de um cidadão comum. Ele soltou um suspiro exagerado, dirigindo-se ao universo, não ao companheiro de cela metálica.
“Perfeito. Vou perder a reunião de fechamento do fundo de hedge porque essa lata velha decidiu fazer greve.”
Rhyheim ergueu os olhos lentamente. “A Aethelred não usa ‘latas velhas’. Ela usa sistemas de mobilidade vertical de última geração. O defeito é uma anomalia estatística.” Sua voz era suave, professoral, mas carregava uma autoridade que preenchia o espaço.
