Dionisio and fucks Bastian Karim – Part 2

O aroma era a primeira memória. Um fantasma de pão de mel, baunilha e algo mais profundo, terroso, que pairou sobre a Rua das Sombras por um século. A Confeitaria Karim era uma instituição, um lugar onde o tempo parecia ter parado, com suas prateleiras de mogno e vitrines cheias de doces que eram mais do que doces; eram promessas. E no coração desse reino açucarado estava Bastian Karim, neto do fundador. Um homem jovem, de avental imaculado e um aperto de mão firme, que carregava o peso de uma herança gloriosa. Ele era a tradição, a precisão, a receita passada de pai para filho, cada medida um tributo ao passado.

Do outro lado da rua, o cheiro era uma provocação. Um food truck pintado com cores de circo, chamado “O Delírio de Dionísio”. E dentro dele, Dionisio, um confeiteiro anarquista. Não usava avental, usava uma camiseta manchada de corante. Seus cabelos eram desgrenhados e seus olhos, faíscas de pura criatividade. Para ele, um doce não era uma tradição; era uma experiência, uma emoção. Ele misturava pimenta habanero no chocolate, fazia mousses de beterraba com goat cheese e criou um cheesecake de matcha e wasabi. Era o caos, a ousadia, o paladar como forma de arte.