A Little Lost – Johnny Hackson and Luka fuck
O céu sobre a Cidade dos Cais estava cinza, do mesmo tom das águas sujas do rio e da alma da maioria dos seus habitantes. Na oficina mecânica “Calmaria & Caos”, encravada num beco sem saída, o único som era o do rádio tocando um blues antigo e o rosnado de uma chave de roda sendo forçada.
**Johnny Hackson** era um veterano das ruas, com mãos calejadas que conheciam cada parafuso da cidade. Seu sobrenome era uma piada local: ele não “hackeava” computadores, mas sim qualquer sistema mecânico. Um carro blindado, um cofre disfarçado, um sistema hidráulico de uma porta – para Johnny, era tudo uma questão de encontrar a pressão certa, o ponto fraco. Ele era a Calmaria.
Seu parceiro, **Luka**, era o Caos.
Magro, nervoso, com olhos que nunca paravam de piscar e dedos que tamborilavam incessantemente em qualquer superfície, Luka era um gênio da eletrônica. Enquanto Johnny confiava na intuição e no torque, Luka confiava em códigos, frequências e na bagunça organizada de fios que carregava em sua mochila.
“Mais rápido, Luka,” disse Johnny, sua voz um rosnado baixo. “O sistema de alarme não vai se desativar sozinho.”
“Tá quase, Johnny, tá quase,” Luka murmurou, os olhos fixos na tela de uma tablet, dedos dançando sobre um teclado improvisado. “O firewall deles é um brinquedo, mas tem uma camada de… caramba, é genial.”
Eles estavam no escritório de um contador, um homem que guardava segredos financeiros em um servidor trancado atrás de uma porta de aço. Johnny já havia “convencido” a fechadura mecânica com uma chave de fenda e um martelo de borracha. Agora, era a vez de Luka.
“Genial ou não, nós temos um prazo,” lembrou Johnny, olhando para o relógio. “O cara da limpeza chega em quinze.”
“Tudo bem, tudo bem! Só preciso… inverter a polaridade do fluxo de dados e… pulá-lo para o servidor fantasma…” Os dedos de Luka voaram. De repente, um clique audível veio da porta. “Pronto! Um passeio no parque.”
Johnny empurrou a porta pesada, que se abriu com um silêncio mortal. Lá dentro, o servidor piscava luzes azuis inocentes.
Foi então que as luzes do escritório se acenderam.
No limiar da sala principal, estava o vigia noturno, um homem surpreendentemente grande segurando um cassetete. Ele não estava no plantão normal.
Luka deu um pulo para trás, quase derrubando seu tablet. “Hackerson! O que a gente faz?!”
Johnny não hesitou. Ele não correu, não lutou. Em vez disso, ele se virou para o painel elétrico exposto ao lado da porta, que Luka havia usado para conectar seu equipamento. Com um movimento rápido e preciso, ele puxou um fio vermelho específico.
Todas as luzes do prédio – incluindo as do saguão – se apagaram. Um breu total.
No silêncio repentino, a voz calma de Johnny ecoou. “Agora, Luka. A porta dos fundos.”
Luka, cegamente, começou a rir, um som de puro alívio e adrenalina. “Cara… você é um animal.”
“Eu sou a Calmaria,” Johnny corrigiu, guiando o rapaz pelo corredor escuro com a mão no seu ombro. “Você é o Caos. Juntos, a gente só faz o serviço.”
E enquanto desapareciam na noite úmida, o servidor e seus segredos intactos, o blues do rádio na oficina parecia tocar só para eles.




