Douglas Smith – Fucked Raw by Desleon

O mundo de Douglas Smith era meticuloso, ordenado e quieto. Sua pequena casa na rua das Flores cheirava a mobília encerada e chá das cinco. Cada livro em sua estante estava alinhado por altura e cor. Cada xícara tinha seu lugar designado. Aos sessenta e sete anos, Douglas acreditava que havia dominado a arte de uma vida sem surpresas.

Até que o envelope marrom chegou.

Não tinha remetente, apenas seu nome e endereço escritos à mão com uma letra trêmula. Dentro, não havia carta, apenas uma chave velha e pesada, de um bronze esverdeado, presa a um cordão de couro desgastado.

Douglas examinou a chave sob a luz da lâmpada da sala de estar. Ela não abria nada em sua casa. Não pertencia a seu carro, nem ao galpão do jardim. Era um objeto completamente alheio à sua existência meticulosa, e sua presença em sua poltrona estofada era uma afronta.

Intrigado, ele passou a manhã telefonando para conhecidos distantes. Um primo em outra cidade, um antigo colega de trabalho. Ninguém sabia de nada. A chave era um enigma, e enigmas eram, por natureza, desordem.

Foi então que ele se lembrou do Sr. Albright, seu antigo vizinho, um homem excêntrico que colecionava mapas e histórias. O Sr. Albright se mudara para o “Vila Serena”, um asilo na parte antiga da cidade.

Relutante, Douglas vestiu seu casaco e foi visitá-lo.

O Sr. Albright, agora mais frágil, mas com os olhos ainda vivos, reconheceu a chave imediatamente.

“Ah, a chave do Jardim de Inverno,” ele disse, sua voz um sussurro de papel. “Esquecida por todos. Pertencia ao velho Arthur Pembrooke. Ele trancou o jardim na mansão, décadas atrás, depois que a esposa morreu. Disse que a beleza dali era só dela. A mansão foi demolida, mas o jardim… o muro de ferro ainda está de pé, escondido atrás dos novos prédios.”

Ele deu a Douglas um mapa desenhado à mão, marcando a localização.

Por que ele? Por que agora? Douglas não entendia. Mas a semente da curiosidade, há muito adormecida, brotou.