Vikko – Fucked raw by Alec Loob

O vento soprava frio pelas ruas de uma cidade que já não lembrava seu próprio nome. Vikko não se importava. Seu mundo era o que cabia dentro da mochila surrada: um casaco extra, uma garrafa de água quase vazia e um caderno com a capa gasta.

Ele era um colecionador de silêncios.

Enquanto outros colecionavam moedas ou selos, Vikko procurava os cantos onde o ruído do mundo morria. O silêncio pesado de uma biblioteca após o fechamento, que ele encontrava sentado nos degraus do lado de fora. O silêncio reverente de uma igreja vazia em uma terça-feira à tarde. O seu favorito era o silêncio que caía no parque municipal exatamente cinco minutos após o toque do sino, quando os últimos corredores já tinham ido embora e os pássaros se calavam.

As pessoas na pensão onde ele vivia o consideravam estranho. “O que você faz nesses lugares, Vikko?” eles perguntavam.

Ele apenas encolhia os ombros. “Ouço,” respondia.

O que ele não contava era o que ouvia. Nos seus silêncios, ele ouvia ecos. Não ecos de som, mas de sentimentos. Na biblioteca, ele sentia a ansiedade tranquila de milhares de estudantes que haviam estado ali. Na igreja, uma paz antiga e coletiva. No parque, a alegria residual de crianças brincando.