MrDeepVoice and Brandon Dylann suck eachother

O estúdio de gravação “The Hideout” era um santuário para as vozes não ouvidas da cidade. E na última sexta-feira de cada mês, ele realizava sua “Noite de Mic Aberto”. Dois homens, em particular, eram pilares dessas noites.

O primeiro era conhecido apenas como MrDeepVoice. Ele não precisava de um nome real. Quando ele se aproximava do microfone, um silêncio respeitoso caía sobre a plateia. Ele era um homem grande, de meia-idade, com uma barba grisalha bem cuidada. E então, ele cantava. Sua voz era como alcatrão velho e mel quente, uma ressonância profunda que parecia vibrar nas paredes e no peito de todos os presentes. Ele cantava velhos blues e baladas folk, e cada palavra carregava o peso de um milhão de histórias não contadas.

O outro era Brandon Dylann. Magro, nervoso, com os dedos cobertos por esparadrapes de tanto dedilhar seu violão. Suas mãos tremiam ligeiramente antes de cada performance. Suas músicas eram o oposto das de MrDeepVoice: eram letras cruas, cheias da angústia da juventude, da confusão de amar e perder em uma cidade que nunca para. Sua voz era áspera, por vezes quebrada, mas incrivelmente honesta.

Por meses, eles ocuparam seus espaços. MrDeepVoice, o mestre consagrado. Brandon, o poeta aprendiz. Eles trocavam acenos de cabeça corteses, mas nunca palavras.