Bo breeds Nacho – Bo Bailey and Nachodbille

O velho salão de dança country cheirava a cerveja derramada e madeira encerada. Na pista, Bo Bailey era o rei. Seus passos de dois eram precisos, seus giros, um espetáculo de agilidade. As mulheres faziam fila para dançar com ele, mas seu sorriso era sempre educado, distante. Ele dançava com os pés, não com o coração.

Num canto escuro, encostado no balcão, estava Nachodbille. Seus jeans estavam gastos, seu chapéu de cowboy tinha a aba manchada de suor, e ele não sabia dançar. Na verdade, mal conseguia coordenar os pés para chegar até o bar sem tropeçar. Ele estava lá apenas porque seu caminhão quebrara na estrada e aquele era o único lugar aberto na cidadezinha.

Foi quando a música slow tocou. Um sucesso antigo e melancólico sobre saudade e estradas poeirentas. Bo, por hábito, procurou com os olhos a próxima parceira. E então viu Nacho, sozinho, girando o copo de cerveja na mão, com um olhar que via milhas além daquela sala.

Algo na solidão daquele estranho fez Bo quebrar seu próprio protocolo. Ele atravessou o salão, ignorando os olhares surpresos, e parou diante de Nacho.

“Você não dança,” disse Bo, não como uma pergunta, mas como uma constatação.

“Meus pés são mais úteis para pisar em embreagem,” respondeu Nacho, com uma voz rouca que parecia carregar o eco de todas as estradas que percorrera.

“Hoje não,” sussurrou Bo, estendendo a mão. “Hoje, eles são úteis para não me deixar cair.”

Para o espanto de todos, Nacho aceitou. E ali, no meio da pista, aconteceu uma pequena revolução. Bo Bailey, o mestre da dança, se apoiou em Nachodbille, o rei do volante. Os passos de Bo eram graciosos, mas era Nacho quem fornecia o apoio, a base sólida, a âncora. Eles não seguiam o ritmo da música, mas um ritmo mais profundo, que só eles ouviam.

Quando a música parou, Bo sussurrou no ouvido de Nacho: “Todo mundo me chama de Bo Bailey, mas você foi o único que me fez sentir firme no chão.”

Nacho encostou a testa na dele e respondeu: “E todo mundo me chama de Nacho, mas você foi o único que viu o bille (a beleza) que eu nem sabia que tinha.”