O clube era um universo de luzes estroboscópicas e batidas que vibravam no peito. Trevor “Twink” dançava no meio da multidão, um furacão de glitter e pura alegria, seus movimentos fluidos e despreocupados atraindo olhares como um ímã. Ele era o rei da pista, sempre sorrindo, sempre radiante.
Anyelo Nava observava da arquibancada, um copo de água gaseificada na mão. Ele era o segurança novo, uma montanha de músculos silenciosos e tatuagens. Seu trabalho era observar, proteger, intervir apenas quando necessário. Seus olhos, no entanto, tinham um ponto fixo naquela noite: seguiam Trevor. Não por dever, mas por fascínio.
Anyelo via a luz que emanava de Trevor, mas também via os momentos em que o sorriso dele não alcançava os olhos. Via quando alguém invadia seu espaço e o sorriso congelava por uma fração de segundo. Foi numa dessas vezes que Anyelo agiu. Um homem bêbado e insistente agarrou o braço de Trevor, que tentou, sem sucesso, se soltar com um gracejo.
De repente, uma presença sólida e calma se interpôs. Anyelo não precisou empurrar ou gritar. Um simples “O show acabou” dito em um tom baixo, mas firme, e o homem se afastou, amuado.
Trevor olhou para o segurança, seu coração batendo forte não pelo susto, mas pela proximidade. “Obrigado, gigante.”
Anyelo apenas acenou com a cabeça, seus olhos escuros encontrando os de Trevor por um instante que pareceu durar uma eternidade, antes de se dissipar novamente na penumbra.
A partir daquela noite, um flerte silencioso começou. Era Anyelo deixando uma garrafa de água gelada na beira do palco para Trevor. Era Trevor, ao passar por ele, sussurrar um “Obrigado, Nava” que arrepiava a nuca do segurança. Era um olhar prolongado através da multidão, um fio invisível que os conectava no caos.
