Gustavo Selvenca – a rough fucking on the table
Gustavo Selvenca era um homem de pedra e concreto. Como engenheiro estrutural, seu mundo era feito de cálculos, de leis físicas imutáveis e da solidez tranquilizadora do aço. Sua vida pessoal era igualmente estruturada: um apartamento minimalista, horários rigorosos e um coração cuidadosamente fortificado após desilusões passadas. Ele acreditava na lógica da carga e da resistência, não no caos dos sentimentos.
Tudo mudou em um projeto de restauração de uma antiga ponte pênsil. A estrutura era linda, mas negligenciada, e Gustavo foi chamado para avaliar sua integridade. Foi lá que ele conheceu Elara. Ela não era engenheira, arquiteta ou qualquer coisa que sua lógica pudesse categorizar. Ela era uma artista que havia “adotado” a ponte, pintando seus cadeados enferrujados, tecendo fios coloridos na cerca de aço e, de alguma forma, conseguindo a permissão da prefeitura para fazê-lo.
“Você está comprometendo a estrutura com essas intervenções,” Gustavo disse no primeiro dia, sua voz mais áspera do que o pretendido, segurando uma das tiras de tecido colorido que ela amarrou.
Elara, com os dedos manchados de tinta, olhou para ele sem se intimidar. “Não. Estou dando a ela uma razão para continuar em pé. Ninguém ama uma pilha de ferrugem. Mas todo mundo ama uma coisa com alma.”
Gustavo deveria tê-la denunciado. Em vez disso, ele voltou no dia seguinte. E no outro. Ele passava as horas fazendo seus testes, martelando levemente o metal, estudando planos. E ela passava as horas pintando pequenos girassóis nas juntas de dilatação, cantarolando baixo.
Ele começou a perceber coisas. Que a ponte, sob os cuidados dela, atraía pessoas. Casais vinham prender cadeados, turistas tiravam fotos. A ponte não era mais apenas uma estrutura; era um ponto de encontro, um símbolo. E Gustavo, o homem da resistência calculada, estava, contra toda a lógica, sendo atraído para a força gravitacional daquela mulher que pintava o mundo com as cores que ela mesma inventava.
O amor floresceu como o musgo entre as pedras da ponte – lento, persistente e contra todas as probabilidades. Ele aprendia com ela a ver a beleza não na perfeição, mas na resiliência. Ela aprendia com ele a confiar na solidez, a acreditar que algumas estruturas são feitas para durar.
O teste final veio com uma tempestade histórica. Os ventos uivavam e o rio subia. Enquanto a cidade se trancava, Gustavo pensou apenas em uma coisa: a ponte. E em Elara.
Ele a encontrou lá, ensopada e tremendo, tentando amarrar suas esculturas de metal mais frágeis, para que não voassem.
“Está louca? A ponte pode não aguentar!” ele gritou sobre o vento.
“Eu sei!” ela gritou de volta, os olhos cheios de lágrimas e chuva. “Mas eu preciso tentar!”
Naquele momento, Gustavo Selvenca, o engenheiro, entendeu. Não se tratava da lógica da carga e da resistência. Tratava-se da fé. Da crença de que algumas coisas – como pontes antigas e corações partidos – merecem ser lutadas, não porque sejam perfeitas, mas porque são importantes.
Ele não a puxou para longe. Em vez disso, ele a ajudou. Juntos, no olho da tempestade, eles amarraram, reforçaram e esperaram.
A ponte resistiu. E na manhã seguinte, com a cidade lavada e o sol brilhando sobre as cores de Elara mais vivas do que nunca, Gustavo olhou para ela e viu a estrutura mais bonita e resiliente que já encontrara.
“Elara,” ele disse, sua voz rouca, “meus cálculos estavam errados.”
“Errados?” ela perguntou, confusa.
“Sim. Eu calculei a resistência da ponte. Mas eu nunca calculei a resistência que você me daria.”
E ali, naquela ponte que era um monumento ao passado e ao futuro, o homem de concreto e a artista do colorido se encontraram em um beijo que provava que o amor é a força mais imprevisível e mais poderosa de todas – aquela que pode manter qualquer coisa, e qualquer um, de pé.




