FistinGFan HH, Leo Bulgari – a fisting
O mundo de **FistinGFan HH** era um de pixels, estratégia e fúria concentrada. Nos servidores competitivos de um jogo de luta em equipe, seu *nickname* era sinônimo de agressividade calculada. Ele era um “tanker”, o alvo que atraía toda a atenção inimiga, um mestre em suportar dano e criar aberturas. Sua vida real era um quarto escuro, a tela iluminando seu rosto concentrado, suas mãos suadas no teclado e no mouse. A comunicação era reduzida a chamadas táticas e comemorações secas no *chat*.
O mundo de **Leo Bulgari** era um de luzes, sedução e performance. Como *go-go dancer* e estudante de design de moda, sua vida era uma celebração do corpo, do movimento e da estética. Suas noites eram passadas em boates, sob holofotes, seu corpo tornando-se parte da paisagem pulsante da música. Seu *instagram* era um portfólio de looks ousados e coreografias fluidas. Ele era um artista da superfície, mas com uma profundidade que poucos se davam ao trabalho de procurar.
Seus caminhos se cruzaram em um dos raros momentos de quietude de Leo. Entediado em casa, ele entrou em uma *live* aleatória do jogo que seu irmão mais novo tanto falava. O *streamer* era FistinGFan HH.
Ele esperava encontrar gritaria e caos. Em vez disso, encontrou um silêncio quase total, quebrado apenas pelo som mecânico do teclado e por uma voz calma, baixa e incrivelmente focada.
— “Healer, *back*. Eles vão mirar em você. Eu seguro.”
Leo ficou hipnotizado. Havia uma autoridade tranquila naquela voz, uma proteção feroz que era transmitida através de pixels. Ele começou a assistir todas as *lives*. Enviava *donates* com perguntas sobre estratégia, apenas para ouvir aquela voz analítica explicando. Ele, que vivia de aparências, sentiu-se atraído pela substância crua daquele anonimato.
FistinGFan HH, ou “Finn”, cujo nome real era Hugo, notou o novo *viewer* constante, “leobulgari_offical”, com seu avatar glamouroso. Era um contraste gritante com sua comunidade. Inicialmente cético, ele percebeu que as perguntas de Leo eram inteligentes, mostrando uma compreensão surpreendente da mecânica do jogo por trás da fachada de *clubber*.
Eles começaram a conversar no privado. Primeiro sobre o jogo. Depois, sobre outras coisas. Hugo descobriu que por trás das fotos perfeitas, Leo era incrivelmente perspicaz e vulnerável sobre as pressões de sua vida. Leo descobriu que por trás do *tanker* impenetrável, Hugo era um homem tímido que encontrava no jogo um mundo onde sua força era valorizada.
A atração foi um *combo* perfeito, executado lentamente.
A virada aconteceu quando Leo postou um *story* às 3h da manhã, sentado no parque, com a legenda: “Noite errada, gente certa em lugar nenhum.”
Hugo, também acordado, respondeu no privado: *”Você é a pessoa mais certa que eu conheci em meses.”*
Leo sorriu sozinho no escuro. *”Diz o cara que passa o dia sendo espancado virtualmente por cinco pessoas.”*
*”É mais fácil tankar o dano deles do que tankar a saudade de alguém que eu nunca vi,”* Hugo digitou, e quase apagou a mensagem.
O silêncio do outro lado foi eloqüente. Depois, a resposta veio. *”Então para de tankar e vem me ver.”*
O encontro foi em um café. Hugo, grande e desengonçado fora de sua cadeira de gamer, usava uma camisa social que ele tinha passado a ferro cem vezes. Leo chegou, um turbilhão de estilo e um sorriso nervoso. O contraste era cômico e perfeito.
— Então você é o meu *tanker* — Leo disse, sua voz mais suave do que nas redes.
— E você é a minha *dancer* — Hugo respondeu, seus ombros relaxando ao ver que o homem à sua frente era real, e ainda mais bonito pessoalmente.
Não houve necessidade de muito mais palavras. Eles eram, afinal, uma dupla perfeita. Um criava espaço no caos, o outro preenchia esse espaço com beleza. Hugo, o escudo, tinha encontrado alguém pelo qual valia a pena proteger. E Leo, a obra de arte, tinha encontrado alguém que o via não como um objeto, mas como o parceiro mais valioso do seu *team*. Juntos, eles descobriram que a melhor estratégia não era vencer o jogo, mas encontrar alguém para jogar ao seu lado.




