Eddie Patrick fucks Jesse Ferrer
O mundo de Eddie Patrick era feito de linhas retas e planos precisos. Como arquiteto, ele acreditava que a beleza residia na função, na estrutura lógica e previsível. Seus dias eram metodicamente organizados, suas xícaras de café alinhadas por tamanho, e sua vida social, quase inexistente, era um projeto arquivado na gaveta “para um dia”.
Jesse Ferrer era o oposto de uma linha reta. Ele era uma mancha de tinta colorida, um rabisco à mão livre. Artista de rua, ele preenchia os muros cinzas da cidade com criaturas fantásticas e paisagens oníricas. Eddie via o trabalho de Jesse como vandalismo. Uma agressão à sua ordem. Uma bela agressão, às vezes, mas uma interrupção caótica, mesmo assim.
O destino, no entanto, pregou-lhes uma peça arquitetonicamente irônica. O novo projeto de Eddie era a reforma de um prédio histórico no mesmo quarteirão onde Jesse, secretamente, tinha seu mural favorito. Um mural que Eddie, em suas diretrizes, havia marcado para ser pintado de branco.
Eles se encontraram no café da esquina, por acaso, ocupando a mesma mesa. Eddie, com sua prancheta e plantas. Jesse, com as mãos manchadas de tinta e um sketchbook aberto cheio de anarquia criativa.
“Você,” Eddie disse, reconhecendo o artista pelas fotos que a associação de moradores circulava. “Você está destruindo a cidade.”
Jesse olhou para ele, um sorriso desarmante nos lábios. “Estou colorindo. Há uma diferença.” Seus olhos pousaram na prancheta de Eddie. “E você está apagando. O velho armazém, né? Vai virar mais uma caixa de vidro.”
A discussão foi inevitável, ácida e, para surpresa de ambos, eletrizante. Desafiado, Eddie foi ver o tal mural do armazém. Era uma cena noturna de uma floresta onde as árvores tinham galhos em forma de acordes de violão e os animais brincavam com constelações. Havia uma história ali, uma alma que suas plantas de apartamentos luxuosos nunca teriam.
Ele não cancelou a reforma, mas fez algo impensável: propôs um acordo. O mural seria preservado, integrado ao projeto, se Jesse concordasse em fazer uma obra “legal” para o novo lobby.
Jesse aceitou, com um brilho desconfiado nos olhos.
As semanas que se seguiram foram uma guerra de tréguas delicadas. Eddie levava cafés. Jesse explicava o significado por trás de cada pincelada. Eddie aprendia sobre a cor; Jesse, sobre a estrutura. Eddie descobriu que o caos de Jesse era, na verdade, uma lógica emocional. E Jesse viu que a rigidez de Eddie não era frieza, mas uma profunda reverência pela forma que abriga a vida.
Uma tarde, com o projeto quase pronto, Eddie encontrou Jesse no top de uma escada, finalizando um detalhe no mural do lobby. O sol da tarde entrava pelo vão do telhado, iluminando o pó de tinta no ar e o suor na testa de Jesse. Ele desceu da escada, manchado, vivo, e mais belo do que qualquer construção que Eddie já havia desenhado.
“Está pronto,” Jesse anunciou, ofegante.
Eddie não olhou para o mural. Manteve os olhos fixos em Jesse. A linha reta de sua vida havia encontrado sua curva necessária. A função havia encontrado a emoção.
“Jesse,” ele disse, a voz mais suave do que jamais imaginara ser possível. “Eu te enxerguei mal.”
Jesse sorriu, entendendo tudo o que não estava sendo dito. “E agora?”
“Agora,” Eddie sussurrou, fechando a distância entre eles, suas mãos limpas encontrando as de Jesse, manchadas de tinta, “agora você é a peça central do meu melhor projeto.”
E no espaço perfeito entre um arquiteto e um artista, o amor, finalmente, encontrou sua morada.




