Fabio Brazilian and Matt Polaco – group fuck with Lucas Mboy and Filip Jese
O vento do outono soprava as folhas alaranjadas no Central Park, fazendo Matt Polaco levantar a gola de seu casaco. Ele caminhava sem destino, tentando se acostumar com a solidão de uma cidade que nunca dorme, mas que podia ser incrivelmente silenciosa em um banco de praça. Cracóvia ficava a milhares de quilômetros dali, e naquele dia, a distância parecia intransponível.
Foi então que um som diferente cortou o ar. Não era o ruído do trânsito ou as conversas apressadas dos nova-iorquinos. Era uma música suave, triste, mas com uma batida calorosa no peito. Era um samba. Um samba que falava de saudade.
Matt seguiu o som até encontrar a fonte: um homem sentado nos degraus de uma fonte, com um violão desgastado nos braços. Ele não pedia esmolas; cantava para o horizonte, seus olhos castanhos perdidos em alguma memória distante. A placa ao seu lado dizia apenas “Fabio Brazilian”.
A voz de Fabio era ímã. Matt, cujo inglês ainda era hesitante, parou e se sentou num banco próximo, fechando os olhos. A música era sobre uma praia, o cheiro do mar e uma despedida. Matt entendeu cada palavra, mesmo sem entender todas as sílabas.
Quando a música terminou, um silêncio constrangido pairou no ar. Fabio olhou para o estranho de cabelos claros que o observava com uma intensidade desconfortável.
“Você gostou?” Fabio perguntou em um inglês carregado de sotaque.
Matt sorriu, timidamente. “Yes. It… hurt. But in a good way.”
Fabio riu, um som quente que parecia derreter um pouco do frio do outono. “Saudade. A palavra é saudade. Não existe em inglês.”
“Em polonês também não”, respondeu Matt, aproximando-se.
Naquele dia, sentados na fonte, polonês e brasileiro descobriram que a saudade, embora intraduzível, era um sentimento universal. Matt falou da neve que cobria os telhados de sua cidade, da comida de sua avó. Fabio falou do calor que abraça o corpo ao sair do mar, do cheiro da chuva no asfalto quente.
Foi o primeiro de muitos encontros. Eles se tornaram uma visão comum no parque: Fabio com seu violão, Matt com um caderno de esboços, desenhando as linhas do rosto do brasileiro, tentando capturar o sol que ele carregava consigo. Eles eram um contraste ambulante: a melancolia polonesa de Matt e a paixão expansiva de Fabio. Onde Matt era reservado, Fabio era aberto; onde Fabio era impulsivo, Matt era cauteloso. E no meio dessas diferenças, nasceu algo tão previsível e necessário quanto a mudança das estações.
O amor deles não foi um furacão, mas sim o plantio de uma semente em terra estrangeira. Aprenderam a confiar, a se abrir, a brigar e a fazer as pazes. Matt ensinou Fabio a dizer “kocham cię” (eu te amo), e Fabio ensinou Matt a sambar, um espetáculo desengonçado e genuíno que arrancava risadas de ambos.
Um ano depois, no mesmo banco do parque onde se encontraram, o inverno começava a ceder lugar à primavera. Fabio pegou seu violão e tocou a mesma música de saudade do primeiro dia. Mas desta vez, quando terminou, ele olhou nos olhos azuis de Matt e disse, com uma voz firme e suave:
“A música ainda fala de saudade, Matt. Mas a saudade que eu canto agora não é do Brasil. É da sua ausência quando você não está. É de uma memória que ainda não vivemos.”
Matt não disse nada. Pegou o caderno e mostrou um desenho recente. Era os dois, envelhecidos, sentados naquele mesmo banco, com os cabelos grisalhos e as mãos entrelaçadas. O cenário era Nova York, mas o lar era um no outro.
Fabio sorriu, e Matt finalmente respondeu à declaração musical com as palavras que havia praticado até a perfeição:
“Eu também tenho saudade de você, Fabio. Todos os dias, mesmo quando você está ao meu lado.”
Ali, no coração de uma cidade que pertencia a todos e a ninguém, um brasileiro e um polonês descobriram que o amor é a mais pátria que um exilado pode encontrar. E não precisava de tradução.




