Matt Polaco gets fucked by Rafael Alencar

O silêncio era o domínio de Matt Polaco. Ele era um restaurador de livros, um artesão da quietude. Suas mãos, firmes e precisas, curavam lombadas frágeis e reuniam páginas separadas pelo tempo. Sua vida era um reflexo de seu trabalho: metódica, organizada e solitária. As únicas conversas que mantinha eram com as ilustrações borradas e os textos desbotados que salvava do esquecimento.

Até que Rafael Alencar invadiu sua vida como um raio de sol em uma sala escura.

Rafael era um livreiro, mas de uma espécie completamente diferente. Sua pequena livraria, a “Páginas Desviantes”, era um caos vibrante, com pilhas de livros ameaçando cair, leituras de poesia aos sábados e um cachorro vira-lata que dormia no balcão. Rafael acreditava que os livros eram para ser vividos, não apenas preservados. Ele falava com as mãos, ria com os olhos e tinha um talento nato para perturbar a paz alheia de uma forma deliciosa.

O primeiro encontro foi uma colisão de mundos. Rafael apareceu na oficina de Matt com um volume do século XIX em frangalhos, um tesouro familiar que seu avô lhe deixara.

“Você é o doutor dos livros?”, perguntou Rafael, seu sorriso fácil preenchendo o espaço quieto. “Preciso de um milagre.”

Matt, de luvas brancas e ar sério, examinou o paciente. “Isso não é um livro, é um trauma encadernado.”

“Exatamente!”, Rafael riu, como se Matt tivesse feito uma piada. “E eu ouvi dizer que você é o melhor traumatologista literário da cidade.”

Contra todas as suas regras, Matt aceitou o desafio. E contra todas as suas previsões, Rafael voltou todos os dias, sempre com uma desculpa – trazer café, perguntar sobre o progresso, contar uma história sobre seu avô. Suas visitas tornaram-se os interlúdios mais barulhentos e antecipados dos dias de Matt.

O amor não chegou com estrondo, mas com a sutileza de uma página sendo virada. Estava no modo como Rafael lembrava que Matt tomava seu chá. Na paciência com que ouvia Matt explicar a diferença entre encadernação francesa e alemã. Na maneira como Matt, pela primeira vez, sentiu que sua quietude não era uma falha, mas um refúgio que alguém respeitava.

Uma noite, com o livro finalmente restaurado sobre a mesa entre eles, Rafael fez a pergunta que mudaria tudo.

“Matt”, ele começou, seus olhos sérios pela primeira vez desde que se conheciam. “O que você preserva quando restaura um livro?”

“A história. A integridade do objeto.”