Muscleboy Breeding Part I – Daryl Richter, Ryan Finch
O vento soprava frio nas ruas de Nova York, mas Daryl Richter não sentia. Entalhado em seu estúdio, com as mãos cobertas de argila e o rádio sussurrando jazz, o mundo exterior era uma ideia vaga. Ele era um escultor de renome, um homem que dava forma à dor e à beleza em gelo e granito, mas incapaz de esculpir sua própria felicidade.
Ryan Finch era o oposto. Um meteorologista da rede de televisão local, ele traduzia a fúria do céu em previsões claras e um sorriso tranquilizador. Enquanto Daryl se escondia atrás de formas sólidas, Ryan dançava com o intangível, com o vento e a pressão atmosférica. Eles vivem no mesmo prédio, vidas paralelas separadas por alguns andares e um abismo de temperamentos.
O destino, no entanto, é um roteirista peculiar.
O elevador do prédio enguiçou em uma sexta-feira à noite, com Daryl a caminho do lixo com um bloco de argila que não tinha serventia, e Ryan voltando do supermercado, seus braços carregados de sacolas com sopa enlatada e chá para uma gripe que se anunciava.
A porta se fechou. Um solavanco. E então, o silêncio abafado, interrompido apenas pelo zumbido fraco da luz de emergência.
“Merda”, resmungou Daryl, batendo com o punho no painel de controle inerte.
“Calma, Richter. Acho que eles já devem ter percebido”, disse uma voz calma atrás dele.
Daryl se virou. Ryan Finch estava encostado na parede, um leve sorriso nos lábios. Ele usia um suéter azul-céu que fazia seus olhos parecerem ainda mais claros.
“Finch”, Daryl cumprimentou, com um aceno de cabeça seco. Eles se cruzavam no saguão ocasionalmente.
As horas se arrastaram. A inicial irritação deu lugar a um constrangimento silencioso, e então, por necessidade, à conversa.




