2 Daddys e um Latino – Liam Harding, Zalthy, Fer

O reino de Aethel estava morrendo. Uma névoa cinzenta e sem vida, conhecida como o **Fer** (pronuncia-se “Fér”), consumia tudo, corroendo até as memórias mais brilhantes. Era uma força insensata, um vazio que se alimentava de cor e emoção.

**Liam Harding** era o último guarda-florestal. Enquanto outros fugiam, ele permanecia na fronteira da floresta petrificada, documentando a avanço do Fer com a precisão de um cartógrafo e o coração partido de um amante da natureza. Sua vida era um lento, solitário e metódico ato de despedida.

Até que ele encontrou **Zalthy**.

Ela era um ser de pura energia, um vislumbre de luz âmbar e dourada preso em uma gaiola de galhos retorcidos no coração da floresta morta. Seus cabelos eram como fios de luz solar tecidos, e seus olhos brilhavam com a centelha de tudo o que o Fer havia apagado. Uma fada, ou o que restava de uma.

Liam a libertou, suas mãos práticas desfazendo os nós de madeira morta. Zalthy, frágil e assustada, sussurrou uma única palavra: “Fer”. Não era o nome da névoa, mas uma profecia. “Precisamos de Fer,” ela insistiu, seu brilho fraquejando. “O verdadeiro.”

A jornada foi desesperadora. Zalthy, um farol de vida, atraía o Fer como um ímã, forçando Liam a protegê-la com seu próprio corpo, sua capa ficando pesada e cinzenta. Ele, o homem da lógica, estava agora guiado apenas pela fé nos sussurros de uma criatura mágica.

Eles encontraram o que procuravam nas ruínas de uma velha forja. Não era a névoa, mas uma armadura antiga, colossal e coberta de ferrugem, esquecida há eras. No peito, uma inscrição desbotada: **”Fer”**. Era o nome do guerreiro de lata, um guardião forjado para combater a escuridão, agora reduzido a uma estátua de abandono.

“Ele precisa de uma centelha,” Zalthy sussurrou, seu brilho quase extinto. “Uma lembrança verdadeira.”