O estúdio de James Cassidy cheirava a terebintina e a sonhos adiados. Ele era um pintor de talento, mas de pouca sorte, cujas telas viviam mais nas paredes do seu apartamento do que em galerias. Seu mundo era uma paleta de cores sombrias, até aquele dia de outono em que Bryce Jax entrou em sua vida, trazendo o caos consigo.
Bryce era um furacão de tatuagens e sarcasmo, um artista de rua cujos grafites ilegais incendiavam a cidade com cores vibrantes e mensagens subversivas. Ele se escondeu no estúdio de James, fugindo da polícia após uma de suas intervenções urbanas. Com o rosto sujo de tinta spray e um sorriso desafiador, ele não pediu permissão; ele simplesmente *entrou*, como se pertencesse àquele espaço.
James, um homem de hábitos meticulosos, sentiu-se invadido. Mas havia algo na energia crua de Bryce, na sua coragem de pintar o mundo à sua própria imagem, que fascinou o pintor solitário. Em troca de não chamar a polícia, James fez um trato: Bryce posaria para ele.
As sessões eram tensas. James pintava com mãos cuidadosas, tentando capturar a fera indomável na tela. Bryce, por sua vez, zombava da quietude do estúdio, mas seus olhos não perdiam um único movimento do pincel de James. Eles eram opostos completos: James, a quietude e a precisão; Bryce, o movimento e o caos. No entanto, naquele espaço compartilhado, uma estranha harmonia começou a nascer. O silêncio de James acalmava a tempestade em Bryce, e a paixão de Bryce incendiava a alma cautelosa de James.
Foi então que Carlos Magati apareceu.
Carlos era um ourives de palavras, um poeta cuja família era dona de uma das livrarias mais charmosas da cidade. Ele era a ponte entre os dois mundos: tinha a eloquência que James admirava e a paixão que Bryce entendia. Carlos começou a frequentar o estúdio, inicialmente para comprar um quadro menor de James, mas depois ficou pela conversa, pelo café amargo e pela energia magnética que pairava no ar.
Carlos via a beleza na técnica impecável de James e na rebeldia visceral de Bryce. Ele era o espectador perfeito, o tradutor. Enquanto James pintava Bryce, Carlos escrevia poemas sobre eles – sobre a mão que segura o pincel e o corpo que desafia a tela. Ele falava de amor com a mesma naturalidade com que respirava, e suas palavras começaram a nomear o sentimento não dito que crescia entre os três.
O ápice veio em uma noite de chuva. James havia finalmente terminado o retrato. Nele, Bryce não era um delinquente ou um ícone; era simplesmente um homem, vulnerável e intenso, com toda a complexidade que apenas James conseguia ver. Ao lado deles, Carlos leu um poema que falava de três cores primárias que, misturadas, criavam uma luz nova, impossível de ser reproduzida.




