Vem de quatro meu safado – The Occitan Prince e XLT Sebastian
O reino de The Occitan Prince era feito de som e tradição. Nascido no sul da França, herdeiro de uma linhagem que remontava aos trovadores medievais, sua vida era um tributo ao passado. Ele cantava canções de amor cortês em occitano, sua voz um instrumento melancólico que ecoava em salões de castelos e festivais de música antiga. Sua coroa era invisível, feita de história e melancolia.
XLT Sebastian era o futuro. Um produtor musical de Berlim, seu mundo era de sintetizadores, batidas glitch e paisagens sonoras digitais. Ele não usava coroas; usava fones de ouvido de última geração. Sua arte era desmontar o som e remontá-lo em algo novo, imprevisível e visceralmente moderno.
Seus caminhos se cruzaram em um festival de música experimental no sul da França. The Occitan Prince, pressionado por seu manager para “inovador”, performava com um alaúde elétrico para uma plateia perplexa. XLT Sebastian estava na plateia, não por opção, mas por acaso. Ele esperava por um DJ set, mas se viu preso à performance.
Enquanto outros viam apenas anacronismo, Sebastian viu uma frequência única. Havia uma dor antiga na voz do Prince, uma pureza de onda sonora que os microfones modernos não conseguiam capturar totalmente. Após o show, ele se aproximou, ignorando as formalidades.
“Sua voz… é como um fantasma,” disse Sebastian, seus olhos scanners analisando o artista diante dele. “Mas você está tentando colocá-la em uma caixa que não é sua. Deixe-me gravar você. Não em um estúdio. Em seu castelo. Nos campos. Vou capturar sua alma e… recompor ela.”
The Occitan Prince, ofendido pela audácia, estava intrigado pela metáfora. “Recompor minha alma? Isso sola perigosamente como uma heresia, *mein Herr*.”
“Toda arte é uma heresia,” Sebastian retorceu, um sorriso rápido surgindo em seus lábios. “É por isso que vale a pena.”
Contra todo o seu treinamento, o Prince concordou. Os dias que se seguiram foram um choque de civilizações. Sebastian colocou microfones nas antigas pedras do castelo, captou o sussurro do vento Mistral através dos ciprestes e a respiração do Prince antes de ele cantar. O Prince, por sua vez, observava fascinado enquanto Sebastian transformava sua voz em mil camadas, aplicando delay, reversão, criando um coro de fantasmas a partir de uma única nota sustentada.
Eles brigavam constantemente. O Prince chamava as batidas de Sebastian de “bárbaras”. Sebastian chamava a música do Prince de “um lindo cadáver”. Mas nas madrugadas, exaustos, compartilhando vinho numa varanda olhando para as vinhas, uma estranha cumplicidade nascia. Eles estavam, cada um à sua maneira, buscando a mesma coisa: a essência do sentimento humano.
O projeto, uma peça sonora chamada *Cantar d’Amor Electronic*, tornou-se um sucesso crítico inesperado. Era triste e futurista, ancestral e novo.
A noite da estreia, em uma galeria em Paris, foi eletrizante. Depois dos aplausos, Sebastian encontrou o Prince nos bastidores.
“E então?” Sebastian perguntou, suas baterias digitais ainda ecoando na sala. “Ainda é uma heresia?”
The Occitan Prince olhou para o homem que havia invadido seu mundo antigo e, pela primeira vez, o havia feito sentir-se verdadeiramente vivo. Ele não respondeu com palavras. Em vez disso, inclinou-se e, com a precisão de um trovador e a coragem de um herege, beijou XLT Sebastian.
Foi um colisão de eras — o toque ancestral encontrando o futuro, a melodia encontrando o ritmo. E naquele curto-circuito perfeito, eles descobriram que suas duas coroas, tão diferentes, se encaixavam perfeitamente.




