Douglas Smith – Fudendo com um pauzão de 24 cm
O mundo de Douglas Smith era feito de silêncios. Como bibliotecário-chefe da “Livraria do Beco”, seu domínio eram as estantes empoeiradas, o sussurro das páginas sendo viradas e o eco solitário de seus próprios passos no assoalho de carvalho após o fechamento. Ele era um homem de rotinas imutáveis, seus óculos de aro fino empurrados para cima do nariz, seu coração guardado atrás de uma muralha de lombadas de couro.
Ela não tinha nome, pelo menos não um que ele soubesse no início. Aparecia todas as quintas-feiras às 15h17, sempre vestindo um casaco de cor diferente, sempre com um livro diferente devolvido com a mesma delicadeza.
“O Sr. Smith,” ela dizia, seu voz um contralto suave que fazia as luzes parecerem mais brilhantes. E ele, que conhecia o sistema de classificação decimal de cor, esquecia-se momentaneamente da ordem alfabética.
Douglas começou a antecipar as quintas-feiras. Ele observava, discretamente, os livros que ela escolhia: poesia moderna, romances de viagens distantes, tratados sobre astronomia. Ele começou a preparar pequenas pilhas para ela, com base no que acreditava que ela gostaria. Um livro de constelações gregas sobre um de haikus japoneses. Um guia de trilhas na Patagônia ao lado de uma coletânea de contos de fadas nórdicos.
Um dia, ela pegou o livro do topo da pilha que ele havia deixado em uma mesa lateral—um volume antigo e ilustrado sobre mitologia—e sorriu diretamente para ele. Douglas sentiu um calor subir por seu pescoço, mais intenso que o raio de sol que aquecia o velho tapete persa.
“Como você sempre sabe?” ela perguntou, seus olhos cor de avelã brilhando com curiosidade genuína.
Douglas engoliou seco. “Os livros… eles falam. Sobre quem os lê.”
Foi a coisa mais ousada que ele já dissera.
Na quinta-feira seguinte, ela não devolveu um livro. Em vez disso, entregou-lhe um envelope pardo. Dentro, havia um marcador de páginas feito à mão, com uma pena prensada e uma única palavra bordada: *Obrigada*.
E, abaixo, um número de telefone.
Douglas ficou parado atrás do balcão, segurando o marcador como se fosse uma relíquia sagrada. O silêncio da biblioteca, outrora sua companhia, agora soava opressivo. Ele olhou para as estantes, para as milhares de histórias de amor que ele organizava, catalogava e guardava. E percebeu, com um frio na espinha, que nunca havia vivido uma.
Com mãos trêmulas, ele pegou seu celular. Sua mensagem foi tão metódica quanto ele: *“Este é Douglas Smith. Da livraria.”*
A resposta veio quase instantaneamente, acompanhada de uma foto: ela, sentada em um café, sorrindo para a câmera, com o livro de mitologia aberto à sua frente.
*“Eu sei. Estou esperando.”*
Douglas tirou os óculos e limpou as lentes, um sorriso hesitante, mas real, tocando seus lábios pela primeira vez em anos. O mundo de Douglas Smith não era mais feito apenas de silêncios. Agora, tinha um ponto de interrogação no final, e ele mal podia esperar para descobrir a próxima página.




