Sodoma e Viktor em uma foda intensa amadora
O mundo de Viktor era cinza. Não um cinza triste, mas um cinza prático, eficiente. Como guarda-costas de uma figura pública importante, sua vida era um estudo em tons de chumbo, aço e sombras. Ele via tudo em termos de ameaças e ângulos seguros. Sua existência era uma linha reta e bem defendida.
Sodoma era um festival de cores em um beco escuro.
A primeira vez que Viktor a viu, ela estava cantando no palco de uma boate underground, um turbante roxo-envolto em seu cabelo, seus olhos delineados com um risco dramático que parecia desafiar qualquer um a chamá-la de comum. Sua voz não era doce; era áspera, cheia de fumaça e mel, uma faca embalada em veludo. Ela cantava sobre decadência, amor proibido e a beleza da podridão.
Viktor estava lá por trabalho, protegindo um cliente que gostava de se aventurar na “margem”. Ele, porém, sentiu que estava na linha de frente de uma guerra cultural. Aquele lugar era caótico, imprevisível. E Sodoma era sua general.
Seus olhos, no meio da performance, encontraram os dele. Enquanto todos na multidão olhavam para ela com desejo ou devoção, ele olhava com análise, vigilância. Ela sorriu, um sorriso largo e desafiador, e cantou a próxima estrofe diretamente para ele, como um dardo envenenado.
O cliente de Viktor se tornou um frequentador assíduo do local, o que significava que Viktor também. Noite após noite, ele ficava de pé contra a parede, um rochedo de sobriedade em um mar de êxtase. E noite após noite, os olhos de Sodoma o encontravam, sempre com aquele mesmo desafio.
Uma noite, depois do show, ela se aproximou dele na área de fumantes, o ar ainda carregado da energia do palco.
“Você”, ela disse, soltando fumaça no ar frio. “Você é a pessoa mais interessante deste lugar.”
“Porque sou a única que não está se divertindo?” ele respondeu, a voz um baixo constante.
“Porque você olha para mim como se eu fosse um problema a ser resolvido. E eu adoro um quebra-cabeça.”
Viktor não respondeu. Sua função era ser invisível, não engajar.
“Qual é o seu nome, guarda-costas?” ela insistiu.
“Viktor.”
“Sodoma”, ela apresentou-se, como se ele não soubesse. “Como a cidade.”
“Eu sei da referência.”
“E o que você acha? Eu sou uma corruptora da moral alheia?”
“Eu acho que você é um risco de segurança”, ele disse, a verdade saindo antes que sua disciplina pudesse contê-la.
Ela riu, um som rico e genuíno. “Maravilhoso. É exatamente isso que eu quero ser.”




