Joey Dane fucks Danny Fantasy
O bar “Nostalgia” era um museu de tristezas alegres e cerveja barata, onde Joey Dane reinava de trás do balcão. Ele era um especialista em derramar drinks e em absorver confissões, seu rosto um mapa de desilusões próprias e alheias. Conhecia todo mundo pelo nome e por sua ferida favorita.
Foi ali que Danny Fantasy caiu, literalmente, uma noite. A porta do bar se abriu com força e um vulto vestindo uma jaqueta de couro falsa e botas com saltos desajeitados tropeçou no batente, chegando ao chão com um baque suave. O silêncio pairou por um segundo, até que Danny se levantou, sacudiu a poeira imaginária e anunciou ao bar inteiro:
“O astro chegou, pessoal! Podem aplaudir.”
Alguns riram. Joey, não. Ele apenas observou, com o pano de prato pausado sobre o balcão, o ser humano mais extraordinário que já tinha visto. Danny Fantasy não era um cliente; era um furacão de glitter e delírio.
Enquanto Danny se aproximava do balcão com uma graça recuperada, Joey já estava preparando um uísque, dois cubos de gelo—exatamente como ele gostava, embora nunca tivessem se visto antes.
“Como você sabia?” Danny perguntou, surpreso.
“É o drink padrão dos sonhadores,” Joey respondeu, secando um copo. “E você tem ‘sonhador’ escrito por toda parte.”
Danny Fantasy era um cantor de tributo a um ícone pop dos anos 80 que quase ninguém lembrava. Ele não se apresentava em arenas, mas em festas de aniversário de cinquenta anos e bares de estrada. No entanto, ele o fazia com a convicção de quem está no Madison Square Garden. A cada noite, ele vestia uma persona, uma fantasia, um *fantasy*.
Joey Dane era seu oposto. Ele vivia no mundo real, concreto—o cheiro de limão e álcool, o peso das contas a pagar, a solidão de fechar o bar sozinho às 4h da manhã.
Mas Danny começou a aparecer todas as noites. Após seus shows, vitoriosos ou desastrosos, ele ia para o “Nostalgia” e contava suas aventuras para Joey. E Joey, que estava cansado de ouvir histórias tristes, descobriu que adorava ouvir as dele. Elas eram exageradas, coloridas e cheias de uma esperança que ele mesmo tinha perdido há muito tempo.
Uma noite, após um show particularmente humilhante onde Danny foi vaiado, ele chegou ao bar sem a maquiagem brilhante, sem o sorriso fácil. Parecia pequeno. Frágil.
“E aí, *fantasy*,” Joey cumprimentou, suavemente.
Danny balançou a cabeça, os olhos vermelhos. “O Danny Fantasy se aposentou hoje, Joey. É só o Danny agora. O Danny que não é nada.”
Joey deixou um uísque deslizar pela bancada até ele. “Que pena,” ele disse, a voz rouca. “Eu gostava do Fantasy. Ele me fazia lembrar que o mundo pode ser mais do que… isto.” Ele gesticulou em torno do bar vazio.
Danny olhou para ele, e pela primeira vez, viu não um bartender, mas um refúgio.
“E eu,” Danny sussurrou, “só continuava com a fantasia para ter uma desculpa para vir aqui no final da noite.”
Joey parou de secar o copo. O ar entre eles mudou, carregado de uma verdade que não precisava de figurino.
“Você não precisa da fantasia para isso,” Joey finalmente disse, sua voz mais suave do que Danny jamais tinha ouvido. “O Joey Dane gosta do Danny. Só do Danny.”




