Summer On Madrid – Andres Vergel, Felipe Ferro, Jose Quevedo – RFC
Andres Vergel era um homem das raízes. Suas mãos, calejadas e cheias de terra, entendiam a linguagem silenciosa das sementes. Ele cuidava de um jardim botânico esquecido na periferia da cidade, um refúgio de verde onde orquídeas raras e ervas daninhas coexistiam em paz. Andres acreditava que a verdadeira beleza estava no crescimento lento e paciente, no ciclo eterno de vida e morte sob o sol e a chuva.
Felipe Ferro era um homem do fogo. Na sua forja, ele transformava metal inerte em formas fluidas e poderosas. Suas esculturas de ferro retratavam animais em movimento, torções de árvores e figuras humanas capturadas em momentos de tensão extrema. Era um artista da resistência, cuja arte nascia do suor, do calor intenso e da força bruta domada pela precisão.
Jose Quevedo era um homem das palavras. Um poeta de voz suave e olhar profundo, ele vagava pela cidade anotando em cadernos de capa mole os versos que o assaltavam ao ver um poste de luz aceso na chuva ou o olhar cansado de um estranho no metrô. Sua poesia era feita de silêncios e sutilezas, um contraponto à grandiosidade barulhenta do mundo.
O destino—ou talvez a teimosia do prefeito—os uniu. A prefeitura decidiu criar um memorial no jardim de Andres: uma escultura de Felipe cercada por uma paisagem viva de Andres, com um poema de Jose gravado em pedra.
O primeiro encontro foi um desastre de egos e linguagens.




