Callum Dean and Oscar Kraus fuck
Callum Dean odiava a chuva. Ela transformava as ruas de Berlim em um labirinto de guarda-chuvas agressivos e reflexos distorcidos. Foi em um desses dias cinzentos, buscando abrigo em uma livraria antiquária, que ele tropeçou em Oscar Kraus.
Literalmente.
O livro que equilibrava – um tratado sobre a migração de pássaros na Europa – voou de suas mãos e aterrissou com um baque mudo nos pés de um homem sentado em uma poltrona de couro envelhecido.
“Desculpe,” Callum murmurou, corando. “Minha coordenação e a chuva não se dão bem.”
O homem olhou para o livro, depois para Callum. Seus olhos eram da cor do âmbar, e um sorriso gentil brincava em seus lábios. “Não se preocupe. É um ótimo livro, mas um tanto barulhento para uma tarde tranquila,” disse ele, com um sotaque suave que denunciava origens locais. Ele estendeu a mão. “Oscar Kraus.”
“Callum Dean.”
Enquanto suas mãos se encontravam, Callum notou que os dedos de Oscar estavam manchados com tinta azul, e um cheiro de papel antigo e café parecia emanar dele. Oscar era o dono da livraria, um refúgio de estantes altas e histórias silenciosas.
Na semana seguinte, Callum voltou. E na outra também. Suas visitas, a princípio desculpas para escapar do temporal, tornaram-se a âncora de sua semana. Ele descobriu que Oscar, por trás da quietude, guardava um universo de histórias. Sabia a procedência de cada livro, a história por trás de cada anotação à margem. Callum, um arquiteto que desenhava linhas retas e futuros previsíveis, fascinou-se por aquele homem que navegava em mares de narrativas passadas.
Oscar, por sua vez, era cativado pela maneira como Callum olhava para o mundo – como um problema a ser resolvido, uma estrutura a ser erguida. Via a admiração nos olhos de Callum quando ele explicava a diferença entre uma edição de 1920 e uma de 1930, e sentia seu próprio mundo, outrora confinado às páginas, expandir-se.
O amor deles não foi dramático. Não houve declarações grandiosas sob a chuva. Cresceu no silêncio compartilhado da livraria, no toque casual de mãos ao passar um volume pesado, no café que esfriava sobre o balcão enquanto riam de uma piada boba.
Um dia, no início do outono, Callum chegou à livraria com um rolo de papel sob o braço. O coração batia forte em seu peito.
“Tenho algo para te mostrar,” disse ele, desenrolando o papel sobre a grande mesa central.
Era o projeto de uma casa. Uma casa com uma sala enorme, repleta de estantes do chão ao teto. Havia uma janela grande voltada para um pequeno jardim e, perto dela, duas poltronas.
“É… nossa,” Callum disse, a voz um pouco trêmula. “Se você quiser.”
Oscar olhou para o desenho, para as linhas precisas que desenhavam um futuro que ele nunca ousara imaginar. Seus olhos âmbar percorreram cada detalhe, cada medida, cada promessa contida naquelas linhas a lápis. Ele não disse nada. Em vez disso, pegou a caneta tinteiro do bolso do colete, a de tinta azul, e na margem do projeto, ao lado da assinatura de Callum, ele escreveu, com sua caligrafia elegante e firme: *Oscar Kraus-Dean.*
Callum sorriu, os olhos marejados. Era a única declaração de que precisavam. O seu amor não era uma história curta; era um volume bem encadernado, com páginas e páginas em branco, esperando para serem preenchidas, juntos.




