Franklin D and Petter Blare fuck
O mundo de Franklin D era um de linhas retas, contratos digitados e silêncios calculados. Seu escritório, no 42º andar, tinha uma vista estéril para o horizonte de concreto, um reflexo perfeito de sua vida: ordenada, eficiente e profundamente solitária. Ele era um arquiteto de arranha-céus, mas sua própria existência parecia construída sobre fundações frágeis demais para suportar qualquer peso real.
Petter Blare era o oposto de uma linha reta. Ele era um rabisco, uma mancha de tinta em um documento importante. Um artista de rua cujos grafites coloridos e ousados irritavam a prefeitura e encantavam a cidade. Franklin via seu trabalho – um pássaro de fogo pintado no muro de um banco, um rosto sorridente brotando de um beco sombrio – no caminho para o trabalho. Eram explosões de caos que, em segredo, ele admirava.
Eles se encontraram, inevitavelmente, em circunstâncias adversas. A empresa de Franklin havia comprado um prédio antigo que Petter e outros artistas usavam como tela informal. Franklin foi designado para supervisionar a demolição. Uma noite, ele foi ao local para uma inspeção final e encontrou Petter lá, não pintando, mas apenas sentado no meio da calçada, olhando para seu mural mais recente: um retrato gigante de uma anciã do bairro, seu sorriso cheio de vida e história.
“Viemos nos despedir”, Petter disse, sem nem olhar para trás, como se soubesse quem era Franklin. Sua voz não era de confronto, mas de uma resignação tranquila.
Franklin, que tinha um discurso preparado sobre progresso e direitos de propriedade, ficou em silêncio. Ele ficou ao lado do homem – vestido com jeans rasgados e uma jaqueta coberta de tinta – e olhou para o mural. Pela primeira vez, ele não viu apenas um ato de vandalismo; viu uma alma. A alma do prédio, a alma do bairro, a alma transbordante de Petter Blare.
Em vez de chamar a segurança, Franklin sentou-se ao seu lado na calçada fria.
“Ela se parece com minha avó”, Franklin disse, a frase saindo antes que ele pudesse detê-la.
Petter finalmente olhou para ele, seus olhos eram da cor do céu antes de uma tempestade. “A minha também.”
Naquela noite, não houve demolição. Houve café em um lugar barato que ficava aberto até tarde, e histórias. Petter falou sobre viajar de trem para lugares desconhecidos só para pintar um muro; Franklin, para seu próprio espanto, falou sobre a solidão do 42º andar.
Foi o início de um colapso cuidadosamente orquestrado. Petter começou a aparecer no mundo de Franklin como um vazamento de cor. Um post-it com um pequeno desenho deixado no para-brisa do seu carro. Um convite para ver as estrelas do telhado de um prédio abandonado. Franklin, por sua vez, começou a ver a cidade com novos olhos. Ele não via mais apenas estruturas, mas as vidas que elas continham.




