Alex Kof – 11 Inches Deep, No Mercy – Alex Kof and DiMaggio fuck
O bar “O Suspiro Final” era um dos únicos lugares em Nova Arcânia que servia um café passável a qualquer hora do dia ou da noite. Era também o ponto de encontro não oficial de pessoas que preferiam a penumbra. Alex Kof era uma dessas pessoas. Ex-operadora de um serviço de inteligência que não existia mais, ela agora era uma “solucionadora de problemas”. Seu rosto era neutro, suas roupas eram cinza e sua existência, ela acreditava, era à prova de sentimentos.
Tudo mudou numa terça-feira chuvosa, quando DiMaggio entrou no bar.
Ele não se encaixava. Usava um casaco vermelho berrante, calças claras e trazia consigo uma energia de pura, deslavada alegria. Era um arquiteto, soube ela depois, ouvindo-o conversar animadamente com o bartender sobre a beleza estrutural de um novo arranha-céu. Alex observou-o com o mesmo tipo de curiosidade clínica com que estudaria um inseto raro. Ele era um erro de cálculo, uma anomalia barulhenta em seu mundo silencioso.
O destino, ou talvez o bartender, os colocou lado a lado no balcão quando o bar encheu. DiMaggio virou-se para ela, seu sorriso um raio de sol cortando a névoa de cigarros e segredos de Alex.
“Você parece alguém que sabe onde se pode encontrar a melhor lasanha desta cidade”, disse ele, sem nenhuma cerimônia.
Alex ficou paralisada. Suas interações eram baseadas em códigos, ameaças veladas e informações trocadas. Ninguém simplesmente… puxava assunto. Ela murmurou algo evasivo, mas ele foi implacável. Em uma hora, ele havia lhe contado sobre sua paixão por quebra-cabeças de mil peças e sua avó siciliana. Em troca, sem perceber, ele havia extraído de Alex o fato de ela gostar de jazz e de café amargo.
Contra toda a sua programação, Alex voltou ao bar na mesma noite da semana seguinte. E DiMaggio estava lá.
O amor deles não foi sobre missões perigosas ou segredos trocados sob a mira de armas. Foi sobre DiMaggio ensiná-la a fazer massa fresca em sua cozinha inundada de luz, suas mãos cobrindo as dela, farinha até os cotovelos. Foi sobre Alex, pela primeira vez, sentir o peso exato da solidão que ela carregava, agora que ele a tinha tirado de seus ombros.
Ele a chamava de “minha agente secreta”. Ela o chamava de “meu farol”. Ele era a antítese de tudo em sua vida passada: aberto, confiante, luminoso. E Alex, a mestra da discrição e do controle, descobriu-se desesperada por aquela luz.
O conflito veio, como ela sempre soube que viria, de seu mundo sombrio. Um antigo contato a encontrou, exigindo um último trabalho. Algo sujo. Algo perigoso. Algo que mancharia a pureza que ela havia encontrado em DiMaggio.
Ela se viu em um armazém abandonado, a mesma pistola fria e familiar em sua mão. Mas a imagem em sua mente não era do alvo, era do rosto de DiMaggio, rindo enquanto pendurava um quadro torto em seu apartamento. A vida que eles estavam construindo juntos era frágil, uma bolha de cor em um mundo cinza, e ela percebeu que daria qualquer coisa para protegê-la.
Naquela noite, ela voltou para o apartamento dele, as mãos vazias e o coração pesado. Ele a esperava, sentado no sofá, o silêncio entre eles mais eloquente do que qualquer pergunta.
“Eu não sou a pessoa que você pensa que eu sou, Gio”, ela sussurrou, pela primeira vez usando seu apelido.
Ele a fitou, seus olhos percorrendo a tensão em seus ombros, a sombra em seu olhar. Então, ele se levantou, foi até a cozinha e encheu a chaleira.
“Eu sei”, disse ele, simplesmente. “Você é a Alex que gosta de café amargo e que resolve quebra-cabeças de mil peças comigo aos domingos. É dessa pessoa que eu gosto.”
E naquela simples declaração, na aceitação tranquila e absoluta de quem ela era e do que ela carregava, Alex Kof encontrou não um refúgio temporário, mas um lar. Ela percebeu que o maior ato de coragem de sua vida não havia sido em um campo de batalha, mas em deixar que a luz de DiMaggio a alcançasse, derretendo o gelo ao redor de seu coração, peça por linda peça.




