Motel – Arrechos Films – David_Blake, DaviiLap, Jorge Malo Acosta

A velha casa de shows “El Hipo” estava em seus últimos suspiros. O cheiro de cerveja derramada e poeira dominava o ambiente, e o letreiro de néon na fachada já não acendia completamente. Para **Jorge Malo Acosta**, o dono, aquilo era mais que um negócio falido; era a memória de sua juventude, um santuário para o rock’n’roll que a cidade moderna já não queria ouvir.

Na noite do último show, o público era magro. No palco, **David_Blake**, um guitarrista de rock gótico com rímel escorrendo e uma jaqueta de couro gasto, preparava seu equipamento com uma seriedade fúnebre. Sua música era pesada, cheia de distorção e angústia, um lamento elétrico pela decadência ao seu redor.

Enquanto David afinava sua guitarra, um som completamente diferente invadiu o salão vazio. Vindo do fundo do bar, era uma melodia de folk suave e melancólica, tocada em um violão acústico. A voz que a acompanhava era clara e vulnerável, cantando sobre ruínas pessoais e a luz fraca do amanhecer.

Era **DaviiLap**.

Sentado em um banco alto, com um boné puxado sobre os olhos, ele era a antítese de David_Blake. Sua música não era um grito, mas um sussurro que cortava a alma.

Jorge, limpando um copo atrás do balcão, observou o guitarrista no palco. David_Blake havia parado completamente de tocar. Ele não estava irritado com a interrupção; estava simplesmente… hipnotizado. A música de DaviiLap falava de uma dor que sua distorção nunca conseguia capturar verdadeiramente.

Quando a música acabou, o silêncio que se seguiu foi mais pesado que qualquer riff. David_Blake desceu do palco e caminhou diretamente até DaviiLap.

— Essa música… — a voz de David, usualmente áspera, estava suave. — É sobre perder tudo, não é?

DaviiLap ergueu os olhos, surpreso. — É sobre o que vem depois que você perde.