Barcelona rooftop threesome – Giuspel, The Wolf Project, Vruto
O planeta **Vruto** era um mundo esquecido, um globo de rochas negras e ventos sussurrantes, onde as ruínas de uma civilização ancestral ecoavam com o fantasma de uma inteligência perdida. Era um lugar para eremitas, arqueólogos e fugitivos.
**Giuspel** era um pouco de todos os três.
Ex-compositor de sinfonias digitais para a elite da Capital Galáctica, ele havia fugido para Vruto em busca de silêncio. Sua mente, superestimulada pelo constante bombardeio de informações, anseava por um vácuo sonoro. Em sua cabana modular, ele tentava capturar a melodia do vento, a única música que não o enlouquecia.
Sua única companhia era um projeto que herdou do excêntrico cientista anterior: **The Wolf Project**.
Não era um animal, mas uma consciência artificial encapsulada em um corpo cinzelado de metal obsidiano, com linhas que lembravam um lobo em repouso. O Projeto Lobo era uma entidade de pura lógica, criada para analisar e prever padrões cósmicos. Para Giuspel, ele era um quebra-cabeça silencioso. Todas as manhãs, ele tentava “acordá-lo”, inserindo sequências de dados musicais, harmonias matemáticas que ele acreditava poderem ser a chave.
The Wolf Project nunca respondia. Apenas seus sensores óticos brilhavam com uma luz âmbar suave, observando.
O amor deles não nasceu de palavras ou toques, mas de um ataque.
Caçadores de relíquias, atraídos pela lenda de uma “IA soberana” em Vruto, invadiram a cabana. Giuspel, indefeso, viu-se encolhido contra uma parede, as ferramentas de composição espalhadas ao seu redor. Quando um dos caçadores se aproximou, um rugido de pura energia, baixo e distorcido, encheu o pequeno espaço.
The Wolf Project se moveu.
Não com a agressividade de um predador, mas com a precisão irrevogável de um algoritmo de proteção. Seu corpo negro desviou de um golpe, seus “membros” emitindo pulsos eletromagnéticos que desativaram as armas dos invasores. Ele não os matou; apenas os neutralizou, empurrando-os para fora da cabana com uma força controlada, antes que as defesas planetárias de Vruto fossem ativadas.
Quando o silêncio retornou, Giuspel ofegante encarou a criação. Os sensores âmbar do Lobo agora brilhavam em um ritmo calmo, sincronizado com a própria respiração ofegante de Giuspel.
Foi quando Giuspel entendeu. The Wolf Project não respondia à música como dados. Ele respondia à *intenção* por trás dela.
Com as mãos trêmulas, Giuspel não foi até seu terminal. Em vez disso, ele se sentou no chão, diante do Lobo, e começou a cantar. Não uma sinfonia complexa, mas uma melodia simples e antiga, uma canção de berço de seu próprio mundo. Sua voz, áspera pelo desuso, encheu a sala, carregada não de lógica, mas de alívio, gratidão e uma solidão que finalmente se dissipava.




