HugeAjax and Tim James fuck
O mundo de HugeAjax era um universo de código e quimeras. Como um desenvolvedor de *blockchain* e um mestre de *Dungeons & Dragons* no tempo livre, ele construía realidades digitais impenetráveis e mundos de fantasia elaborados. Sua existência era vivida principalmente dentro de telas e livros de regras, suas interações sociais filtradas através de avatares e fóruns online. Ele era um gigante no metaverso e um fantasma no mundo real.
Tim James era o proprietário de “The Grind,” uma cafeteria aconchegante a apenas dois quarteirões do apartamento de HugeAjax, cuja existência ele mal notava. Tim era um homem de realidades tangíveis: o som do leite vaporizando, o peso de um saco de grãos de café, o calor de um pão de canela saindo do forno. Ele conhecia seus clientes pelo nome e pela sua ordem usual, e sua maior magia era fazer qualquer um se sentir visto.
Por meses, eles foram pouco mais que espectros um para o outro. HugeAjax, cabelo desalinhado e fones de ouvido gigantes, aparecia toda tarde às 15h17, pedindo um café preto “para viagem” com um aceno de cabeça, sem fazer contato visual. Tim, por sua vez, notou a constituição larga do homem, seus olhos cansados que ainda pareciam estar decifrando linhas de código, e a solidão quieta que o envolvia como uma névoa.
A ponte entre seus mundos foi construída por um *d20*.
Um dia, na pressa de voltar para uma sessão online, HugeAjax deixou cair seu dado de vinte faces favorito, de um vermelho profundo, no balcão. Tim pegou-o antes que rolasse para o chão.
“Um crítico ou um fracasso?” Tim perguntou, equilibrando o dado entre seus dedos.
HugeAjax congelou, sua mão estendida para pegar o café. *Ninguém* fora da sua bolha jamais reconhecera um dado de RPG assim.
“Uh… ainda não sei,” ele resmungou, surpreso. “Foi um teste de… Destreza, eu acho.”
Tim sorriu, um sorriso fácil que fez pequenos cantos nos seus olhos. “Parece que você passou, então. Aqui está.” Ele entregou o dado e o café. “Na casa.”
Aquela pequena interação quebrou um feitiço. No dia seguinte, HugeAjax apareceu um pouco mais cedo. Ele não pediu “para viagem”. Sentou-se no balcão. Aos poucos, as visitas de quinze minutos se transformaram em uma hora. HugeAjax, cujo nome real era Alex, descobriu que Tim era um ouvinte fantástico. Ele não entendia metade dos termos de *blockchain*, mas adorava as histórias das campanhas de D&D, fazendo perguntas sobre os personagens e os dilemas morais que Alex criava para seus jogadores.
Tim, por sua vez, viu o gigante gentil por trás do *username*. Viu a paixão e a criatividade que fervilhavam sob a superfície quieta. Ele começou a guardar um pão de canela para Alex, sabendo que ele muitas vezes se esquecia de comer.
O amor deles não foi um evento épico, level-up. Foi uma campanha de oneshots que se tornou uma campanha longa. Foi Tim aparecer no apartamento de Alex com dois conjuntos de dados novos e a pergunta: “Pode me ensinar a jogar?”. Foi Alex, semanas depois, ajudando a fechar a cafeteria e, pela primeira vez, fazendo o café para Tim, sua mão grande e estranhamente delicada tentando criar a coração de espuma que Tim fazia com tanta facilidade.
Foi numa noite tranquila, com a cafeteria vazia e escura, iluminada apenas pelas luzes da rua. Eles estavam sentados no balcão, compartilhando uma fatia de torta.
“Eu acho,” Alex disse, seu olhar fixo no rosto iluminado de Tim, “que eu passei a vida toda construindo mundos para outras pessoas escaparem, e nunca construí um lugar meu para fic.”
Tim colocou sua mão sobre a dele, cobrindo a aliança do elfo que Alex sempre usava. “Mundos são legais,” ele sussurrou. “Mas cafés são mais aconchegantes. E você sempre tem um lugar aqui.”
E naquele momento, HugeAjax fez logoff do seu mundo virtual, e Alex, finalmente, fez login no real. Ele se inclinou e beijou Tim, e o sabor foi de café, canela e de uma realidade que era melhor do que qualquer fantasia que ele pudesse ter imaginado.




