Amateur sex – Douglas Machado, Vittorini

O mundo de Douglas Machado era definido pela precisão. Como um *trader* de sucesso, sua vida era um turbilhão de gráficos de candlestick, números verdes e vermelhos piscando em múltiplos monitores, e a pressão constante do mercado. Seu apartamento na Avenida Faria Lima era um *loft* minimalista, onde cada objeto tinha seu lugar, e emoções eram variáveis de risco a serem controladas. O caos era seu inimigo.
Vittorini era o caos em sua forma mais bela. Um *chef* apaixonado, seu domínio era a cozinha experimental de um restaurante badalado da Vila Madalena. Um furacão de aromas, sabores ousados e improvisação controlada. Para Vittorini, um plano era apenas uma sugestão; a verdadeira magia acontecia no desvio, no “e se eu adicionar uma pitada de pimenta rosa aqui?”. Sua vida era tão intensa e temperada quanto seus pratos.
Seus caminhos se cruzaram em um jantar de negócios. Douglas foi levado por um cliente justamente ao restaurante de Vittorini, um lugar onde a imprevisibilidade do cardápio *degustation* lhe dava uma leve ansiedade. Enquanto analisava o menu sem preços, buscando a lógica por trás da experiência, Vittorini saiu da cozinha para cumprimentar os hóspedes.
Douglas o viu e esqueceu-se, por um segundo, das ações da Petrobrás. Vittorini tinha farinha no avental, um brilho de suor na testa e um sorriso tão genuíno e expansivo que parecia iluminar a sala. Ele explicou cada prato com a paixão de um artista apresentando sua obra-prima.
“O senhor é o *chef* Vittorini?”, Douglas perguntou, mais para ouvir a voz dele do que por qualquer outra coisa.
“Para os inimigos, sim. Para você, Vitto,” ele respondeu com uma risada, seus olhos pousando em Douglas com um interesse que não era apenas profissional.
O prato principal daquela noite foi uma obra de arte. Um filé de tambacu com purê de aipim e um *foam* de capim-santo. Era arriscado, complexo e absolutamente perfeito. Douglas, um homem que vivia de calcular riscos, sentiu que havia encontrado um que valia a pena correr.
Ele voltou na noite seguinte. Sozinho. Sentou-se no balcão da cozinha, o lugar mais caótico do universo, e pediu para ver o mestre trabalhar. Vitto, inicialmente surpreso, aceitou o desafio. Enquanto criava, ele explicava suas escolhas para Douglas – a acidez para cortar a gordura, o amargo para equilibrar o doce.
Douglas, por sua vez, começou a ensinar a Vitto sobre os vinhos, sobre a geografia em uma garrafa, sobre a história e a economia por trás de cada safra. Era uma linguagem que Vitto entendia perfeitamente: a *terroir*, o solo, o clima. Eles eram dois tradutores de linguagens complexas, encontrando um terreno comum.
O amor deles não foi um evento planejado. Fervil




