Silas Brooks fucks Bastian Gate on the patio
O silêncio da livraria “O Esquecido” era um tipo de música para Silas Brooks. Ele conhecia cada rangido do assoalho de madeira, cada cheiro de papel envelhecido nas prateleiras. A vida dele era um romance de ritmo lento, interrompido apenas pelo badalar do sino na porta. Ele preferia a companhia dos mortos—os autores nas lombadas—à dos vivos.
Até que Bastian Gate entrou, e o sino badalou como um alarme.
Ele usava uma jaqueta de couro e trazia consigo o cheiro de café expresso e ambição. Seus olhos, verdes e inquietos, percorreram as estantes como um falcão avaliando um campo.
“Preciso de algo raro,” disse Bastian, sua voz um baixo vibrante que ecoou na quietude. “Uma primeira edição de ‘Os Versos Dourados’ de Helena Vilela. Você tem?”
Silas, um homem feito de cortesia e poeira, quase engasgou. Helena Vilela era uma poeta obscura do século passado, seu trabalho praticamente desconhecido.
“O senhor é um colecionador?” perguntou Silas, cauteloso.
“Um investidor,” Bastian corrigiu, com um sorriso afiado. “Ouvi um boato. O valor dela está prestes a disparar. É sobre encontrar o tesouro antes que o mapa seja divulgado.”
Silas sentiu uma pontada de decepção. Bastian não amava os livros; ele amava o seu preço. Com frieza, ele disse que não tinha o livro.
Mas Bastian voltou no dia seguinte. E no outro. Sempre com perguntas sobre edições raras, sempre com aquele olhar calculista. No entanto, Silas começou a notar outras coisas. Como os olhos de Bastian brilhavam quando ele falava sobre a tipografia de uma página de rosto, ou como seus dedos acariciavam o papel bíblia de um volume antigo com uma reverência que contradizia suas palavras de “investidor”.
Uma tarde, durante um temporal, a energia acabou. Silas acendeu velas, transformando a livraria em uma caverna de sombras douradas. Bastian estava lá, “examinando” uma pilha de livros.
“Por que você realmente está aqui?” Silas perguntou, sua coragem alimentada pela escuridão íntima. “Você não é um investidor. Investidores vão a leilões, não a livrarias empoeiradas.”
O sorriso de Bastian, pela primeira vez, pareceu frágil. Ele pegou um pequeno livro de poemas de Cecília Meireles, barato e comum.
“Minha avó era professora,” ele disse, sua voz mais suave. “Ela me lia isso. Ela morreu no ano passado, e deixou dívidas. Eu… eu sei como encontrar valor nas coisas. É o que eu faço. Mas às vezes,” ele suspirou, “às vezes, eu só quero ficar perto delas. E esta livraria… ela cheira como a sala dela.”
A confissão pairou no ar, mais palpável que a fumaça das velas. Silas viu a persona de Bastian Gate rachar, revelando o homem assustado e saudosista por dentro.
Silas se levantou e foi até um gabinete atrás do balcão, trancado. Ele pegou um volume pequeno, encadernado em couro desbotado.




