Ricky Hard and Hairy Charly get heated up and fuck
O bar “The Rusty Nail” era um lugar onde o suor, a cerveja barata e o som de guitarra elétrica se fundiam em uma única entidade. E no centro daquele universo, estava Ricky Hard. Vocalista de uma banda de garage rock chamada “Asphalt Bloom”, Ricky era pura energia canalizada. Seu jeans estava sempre rasgado, suas mãos calejadas pela guitarra, e sua voz era um rugido que prometia revolução e beijos roubados nos becos. Ele era um furacão de couro e atitude.
Hairy Charly era o porto seguro. Dono de uma pequena livraria aconchegante a duas quadras do bar, “A Página Inquieta” cheirava a papel velho e chá de bergamota. Charly, com sua barba bem cuidada e suéteres de lã, era um homem de silêncios confortáveis e palavras medidas. Seu mundo era feito de histórias já terminadas, encadernadas e organizadas nas prateleiras, longe da imprevisibilidade do palco.
Todas as sextas-feiras, depois do ensaio, Ricky entrava na livraria pouco antes de fechar. Ele vinha com o eco do rock nos ouvidos e a fumaça do bar impregnada nas roupas. Ele não comprava livros. Comprava um marcador de páginas de couro, uma caneta-tinteiro, um pequeno caderno de capa dura. Pequenos rituais de uma ordem que ele não entendia, mas pela qual sentia uma atração inexplicável.
Charly o atendia com um aceno silencioso. Observava as tatuagens que serpenteavam pelos braços de Ricky, os dedos que tamborilavam no balcão ainda marcados pelas cordas da guitarra. Ele via a inquietação, a fúria contida, e também a curiosidade que Ricky tentava esconder sob uma casca de indiferença.
“Precisa de ajuda para encontrar um livro, ou vai continuar só comprando a moldura sem a pintura?” Charly perguntou uma noite, sua voz um contraste suave com o zumbido que ainda ecoava na cabeça de Ricky.
Ricky encarou-o, desafiador. “Não sou muito de ficção.”
“Quem disse que precisa ser ficção?” Charly pegou um livro de uma pilha próxima. “Biografia de Patti Smith. Ela também começou com um rugido na garganta e poesia nos ossos.”
Ricky pegou o livro, hesitante. Suas mãos, habituadas a golpear cordas, seguraram o volume com um respeito incomum. Aquela foi a primeira de muitas recomendações.
As visitas de sexta-feira tornaram-se um ritual. Ricky falava da banda, da luta para ser ouvido, da frustração. Charly ouvia, organizando pilhas de livros, oferecendo uma xícara de chá ou uma palavra sábia. Ele não tentou domar o furacão; apenas ofereceu um olho tranquilo para ele.
Uma noite, uma tempestade forte cortou a energia em toda a rua. A livraria ficou iluminada apenas por velas, transformando as estantes em sombras dançantes. Ricky chegou encharcado, ainda com a adrenalina do palco.




