Rico Marlon fucks Bottomsonxxx
A boate “Êxtase” era um organismo vivo, pulsante com luzes estroboscópicas e a batida eletrônica que ecoava direto no esterno. Rico Marlon era o seu coração. Como DJ residente, suas mãos criavam paisagens sonoras que comandavam a multidão. Ele era um arquiteto de emoções, suado e impiedoso, com um sorriso afiado que era tanto um convite quanto um desafio.
No auge do seu set, ele viu. No meio do mar de corpos suados, um único ponto de quietude. Um homem dançando sozinho, fechado em seu próprio universo. Seu rosto estava sério, seus movimentos eram estranhamente angulares, quase desconfortáveis, mas hipnoticamente sinceros. Ele não estava lá para ser visto; estava lá para *sentir* a música de uma maneira que ninguém mais parecia capaz.
Seu nome, Rico descobriu mais tarde perguntando para um bartender, era Bottomsonxxx. Um nome de usuário da internet que se tornou carne e osso. Ele era um artista digital, um fantasma no mundo real, e aquela era sua primeira vez em uma boate.
Rico, acostumado a ser o centro de tudo, ficou fascinado por aquele ponto de fuga. Na noite seguinte, ele dedicou uma música inteira — uma faixa profunda e atmosférica — apenas para aquele dançarino desengonçado. Quando os olhos de Bottomsonxxx encontraram os seus no palco, foi como um curto-circuito. O mundo externo desligou. A multidão desapareceu. Havia apenas a batida e aquele fio tenso de entendimento entre eles.
Bottomsonxxx começou a frequentar a boate todas as noites. Não para se divertir, mas para aquele momento silencioso de comunicação com o DJ. E Rico, por sua vez, começou a construir seus sets não para a multidão, mas para um único par de olhos.
Eles se encontraram pela primeira vez no beco dos fundos, onde Rico fumava um cigarro trêmulo depois do set. A música havia parado. O silêncio era assustador.
“Você dança como se estivesse lutando contra a música”, Rico disse, sua voz rouca da noite e do cigarro.
“E você mixa como se estivesse tentando se desculpar por algo”, Bottomsonxxx respondeu, sem hesitar.
Era verdade. A performance de Rico era uma fachada. A dança de Bottomsonxxx era uma confissão.
Não houve jantar, nem flores. Houve o apartamento escuro de Bottomsonxxx, iluminado apenas por monitores que exibiam suas artes digitais — criaturas distópicas e paisagens oníricas. Rico viu a beleza caótica naquilo, a mesma que ele sentia na música, mas nunca conseguia expressar.
E Rico mostrou a Bottomsonxxx suas playlists privadas, cheias de melodias tristes e vulneráveis que nunca ousou tocar na boate. “Esta sou eu”, ele sussurrou, no escuro. “Sem o volume no máximo.”
Bottomsonxxx pegou sua mão — a mão que comandava milhares — e a apertou. “Eu sei. Eu sempre ouvi.”
Eles eram um paradoxo: o centro da atenção e o homem invisível. O ruído e o silêncio. Mas nas madrugadas, quando a música parava e as máscaras caíam, eles se encaixavam perfeitamente. Rico Marlon descobriu que, para ser verdadeiramente ouvido, ele precisava de apenas um ouvinte. E Bottomsonxxx descobriu que, para ser verdadeiramente visto, ele precisava apenas de um par de olhos que soubesse onde olhar.




