DudeFromNL fucks Boy_Collas
O vento soprava frio sobre Amsterdã, mas dentro do café “The Hidden Bean”, o clima era aconchegante. Foi ali que DudeFromNL, um holandês de estatura alta, cabelos cor de areia e um sorriso fácil, se conectou com Boy_Collas, um artista brasileiro de olhos melancólicos e um coração cheio de saudades de um lugar que ele nem mesmo sabia definir.
Boy_Collas havia chegado à cidade há alguns meses, trazendo consigo apenas uma mochila, tintas e uma dor surda que ele tentava exorcizar em telas abstratas. Ele pintava explosões de cor, mas sempre com um fundo de sombra. DudeFromNL era o oposto: um arquiteto que construía sua vida com linhas retas e planejamento, mas que, no seu tempo livre, buscava justamente as formas imprevisíveis da vida nos fóruns online onde se conheceram.
A primeira mensagem foi sobre música. “Você realmente gosta dessa banda obscura?”, escreveu DudeFromNL. “Pouca gente conhece.” Boy_Collas respondeu: “É a única que entende a minha bagunça interior.”
Do digital, foi um pulo para o real. O primeiro encontro foi no mesmo café. DudeFromNL chegou pontualmente; Boy_Collas, dez minutos atrasado, com respingos de tinta azul no jeans. A conversa, que fluía tão facilmente online, travou por alguns minutos, até que DudeFromNL, com sua praticidade típica, disse: “Então, me mostra essa tal bagunça interior de perto?”
Boy_Collas riu, e o gelo quebrou.
Eles eram um contraste ambulante. DudeFromNL ensinou Boy_Collas a andar de bicicleta sem medo pelos canais, enquanto Boy_Collas ensinou DudeFromNL a ver beleza não na simetria, mas no caos de uma tela respingada. DudeFromNL cozinhava *stamppot*, um prato holandês rústico e reconfortante. Boy_Collas tentava fazer pão de queijo, que sempre saía errado, mas que DudeFromNL comia com um sorriso, dizendo ser a melhor coisa que já provou.
O amor deles não era de grandes declarações, mas de pequenas entregas. Era DudeFromNL lembrar de comprar o café favorito do Boy_Collas. Era Boy_Collas pintar, em segredo, um pequeno girassol – a flor nacional holandesa – no batente da janela do apartamento do holandês.
A maior batalha de Boy_Collas era contra seus próprios demônios. Havia dias em que a melancolia o consumia, dias em que ele se trancava no estúdio e saía apenas com olhos vermelhos e roupas sujas de tinta. DudeFromNL, inicialmente, não entendia. Sua vida era sobre resolver problemas, não mergulhar neles. Mas ele aprendeu. Aprendeu a não tentar consertar, mas apenas a ficar. Ficava sentado no chão do estúdio, em silêncio, até que Boy_Collas baixava a guarda e colocava a cabeça no seu ombro.
Num desses dias difíceis, DudeFromNL chegou em casa e encontrou o apartamento vazio. Seu coração gelou. Procurou por um bilhete, uma mensagem, nada. Foi então que viu, na porta da geladeira, um ímã segurando um pequeno pedaço de cartão.
Era uma pintura minúscula. Nela, um homem alto e loigo (DudeFromNL) estava de costas, segurando a mão de um homem mais baixo e de cabelos escuros (Boy_Collas). Eles estavam caminhando em direção a um campo de girassóis. Mas a verdadeira mensagem estava no canto, escrita com a letra miúda e irregular de Boy_Collas: “Você não me tira da escuridão. Você é a razão pela qual eu aprendi a não ter medo dela.”
DudeFromNL não precisou procurá-lo. Foi direto ao estúdio. Boy_Collas estava lá, exausto, diante de uma tela nova, ainda em branco. Ele olhou para DudeFromNL, seus olhos pedindo desculpas que sua boca não conseguia formar.
Sem dizer uma palavra, DudeFromNL se aproximou, pegou na mão de Boy_Collas – a mão que tremia levemente – e a apertou com força.
“Vamos para casa,” ele disse simplesmente.
E naquele toque, naquela frase simples, Boy_Collas entendeu que havia finalmente encontrado seu porto seguro. E DudeFromNL entendeu que suas linhas retas haviam ganhado a mais bela das curvas: o caminho, tortuoso e imprevisível, que levava diretamente ao coração do Boy_Collas. O amor deles não era perfeito, mas era verdadeiro, construído não sobre areia movediça ou concreto sólido, mas sobre a promessa silenciosa de que, na tempestade ou na calmaria, estariam sempre de mãos dadas.




