Nate Donaghy and Alec Morrison fuck
O bar “The Rusty Nail” cheirava a cerveja derramada e sonhos desbotados. Lá, Nate Donaghy era uma instituição. Ex-jogador de rugby, seus joelhos ruins e seu coração partido eram tão conhecidos quanto sua piada infalível sobre um padre e um parafuso. Ele era o rei do bar, contando histórias de glórias passadas para qualquer um que comprasse uma rodada.
Alec Morrison era o oposto. Um arquiteto recém-chegado da Escócia, ele frequentava o “Rusty Nail” pelo Guinness e pelo silêncio. Sentava-se no canto, desenhando esboços de prédios em seu caderno, seus óculos repousados na ponta do nariz, um muro de tranquilidade erguido ao seu redor.
Nate odiava aquilo. A quietude de Alec era um desafio à sua própria existência barulhenta. Toda noite, ele tentava “animar” o escocês.
“Ei, Highlander! A ponte que você desenhou caiu outra vez?” Nate gracejava, apoiado no balcão.
Alec nem olhava. “É um prédio, não uma ponte. E está de pé, ao contrário da sua defesa na final de ’98, pelo que ouvi.”
A resposta seca e a precisão do golpe deixavam Nate sem fôlego. Era um jogo de tênis onde ele sempre sacava, e Alec sempre devolvia com um *winner*.
O desafio virou obsessão. Nate estudava o escocês. Percebeu que ele bebia seu uísque com uma gota d’água, exatamente às 21h. Que seus desenhos, vistos de relance, eram de uma beleza austera e solitária. Que suas piadas, raras, eram afiadas e inteligentes.
Uma noite, uma tempestade cortou a energia do bar. No escuro e no caos, com os clientes aos berros, Nate tropeçou na mesa de Alec.
“Donaghy”, a voz calma de Alec surgiu na escuridão. “Sente-se antes que machuque alguém. Principalmente você.”
Nate, desorientado, obedeceu. Eles ficaram sentados em silêncio por um minuto, o barulho da tempestade lá fora preenchendo o vazio.
“Por que você vem aqui toda noite?” Alec perguntou, sua voz suave no escuro. “Você não gosta deste lugar. Você está preso nele.”
A pergunta, direta e sem piada, desarmou Nate completamente. Pela primeira vez em anos, ele falou a verdade.
“Porque as paredes da minha casa são muito quietas”, ele sussurrou. “E elas me lembram do que eu perdi.”
Alec não ofereceu pena. Não disse nada. Apenas, no escuro, sua mão encontrou a de Nate sobre a mesa molhada de cerveja e deu um leve aperto.
Quando as luzes voltaram, eles se afastaram rapidamente. Mas algo havia mudado. Na noite seguinte, Nate não fez piada. Ele apenas se sentou ao lado de Alec e colocou dois uísques na mesa, um com uma gota d’água.
“Me mostre”, Nate disse, apontando para o caderno. “Me mostre como se constrói algo que fica de pé.”
Alec olhou para ele, e pela primeira vez, um sorriso verdadeiro, não irônico, tocou seus lábios.
“Paciência, Donaghy. Boas fundações levam tempo.”
E naquele bar enfumaçado, entre esboços de um futuro e ecos de um passado, Nate Donaghy, o homem das palavras vazias, e Alec Morrison, o homem do silêncio, começaram a construir algo novo, uma conversa de verdade, tijolo por tijolo.




