Really Hungry Ass Part I – Bruno Caba and Cuban DY fuck
A cidade nunca dormia, mas Bruno Caba a observava como se fosse um sonâmbulo. Suas noites eram passadas na varanda do 12º andar, com um violão como única companhia. Suas canções eram sussurros melancólicos para a paisagem de concreto, pedaços de um álbum que ele não conseguia terminar, preso em um loop de solidão e acordes menores.
Uma mudança trouxe barulho para o apartamento ao lado. Batidas de funk, vozes altas, o cheiro inconfundível de *mariquitas* fritas. E música. Uma música que era o oposto da sua: percussão visceral, baixo que pulsava como um coração de aço, e uma voz rouca que não cantava, mas declarava. Era Cuban DY, um produtor musical que transformou sua sala em um estúdio improvisado.
Bruno o via no corredor — correntes de prata, camisetas de time rasgadas, um sorriso fácil que parecia desafiar a seriedade da cidade. Eles eram de planetas diferentes. Bruno, folk e introspecção; Cuban, batida e aglomeração.
Um dia, o silêncio do lado de Cuban foi mais assustrador que o barulho. Por três dias, nem um som. Intrigado e, para sua surpresa, preocupado, Bruno bateu à porta com um prato de *pastelitos* desculpa.
Cuban abriu a porta, semblante cansado. O estúdio estava estranhamente silencioso.
“Está tudo bem?” Bruno perguntou.
“Bloqueio criativo”, Cuban resmungou, aceitando um *pastelito*. “Todas as batidas soam iguais. Todas as letras são vazias.”
Sem pensar, Bruno disse: “Talvez você precise de um pouco de silêncio.”
Ele voltou para seu apartamento e pegou o violão. Sentou-se no chão do corredor, de costas para a porta de Cuban, e começou a tocar. Não sua música triste, mas uma melodia simples, acústica, que fluía como um rio calmo. Era a trilha sonora de suas madrugadas na varanda.
Minutos se passaram. Então, a porta de Cuban se abriu. Ele se sentou ao lado de Bruno no chão frio do corredor e ficou apenas ouvindo.
Quando a música parou, Cuban olhou para ele. “Isso… isso tem alma.”
Naquela noite, uma colaboração improvável nasceu. Cuban trouxe seu laptop para a varanda de Bruno. A batida crua de Cuban encontrou a melodia suave de Bruno. A voz rouca de Cuban entrelaçou-se com os vocais suaves de Bruno. Eles não estavam mais criando a partir de seus próprios mundos isolados, mas de um espaço novo, um território comum descoberto no corredor que separava suas vidas.
A música que criaram não era folk, nem funk. Era algo totalmente novo. Era a coragem de Cuban dando estrutura à vulnerabilidade de Bruno. Era a sensibilidade de Bruno dando profundidade à força de Cuban.
Quando a primeira música ficou pronta, eles a toparam na varanda, para a cidade. O som encheu o vazio entre os prédios, uma celebração de opostos que se atraíram.
“Chamamos de quê?” Cuban perguntou, um braço descansando no ombro de Bruno.
Bruno olhou para ele, para a cidade, e depois de volta para o homem que havia transformado seu silêncio em uma nova canção.
“Chamamos de ‘nós'”, ele respondeu.




