Josh Mendes and Armand Lemoine fuck raw
O vento salgado do porto de Marseille levava o cheiro de algas e a melodia de um violino. Armand Lemoine, com seus dedos calejados que manuseavam redes de pesca com a mesma destreza com que agora acariciavam as cordas, tocava para o mar vazio. Sua música era um lamento, uma saudade de algo que ele nem mesmo conhecia.
Josh Mendes a ouviu primeiro da varanda do pequeno apartamento que alugara para escapar do ritmo frenético de Paris. Era uma música que falava de solidão, mas de uma solidão compartilhada. Todos os dias, Josh, um escritor bloqueado, parava diante da tela em branco e esperava pelo concerto não solicitado do pescador-músico.
Uma tarde, a coragem superou a timidez. Josh desceu até o cais, uma garrafa de vinho em uma mão e um livro de poesias na outra. Armand parou de tocar, seus olhos azuis — da cor do mar sob o sol da manhã — fixos no estranho.
“Era a coisa mais bonita que eu já ouvi”, Josh disse, simplesmente. “Parece que você está tocando o meu silêncio.”
Armand não sorriu, mas seus olhos suavizaram. Ofereceu um lugar no banco de madeira, ao lado de pilhas de redes. Josh ofereceu o vinho. Eles não trocaram muitas palavras naquele primeiro dia. A música de Armand e o silêncio compreensivo de Josh eram linguagem suficiente.
Os encontros tornaram-se um ritual. Josh trazia palavras — poemas que ele finalmente conseguia escrever, inspirado pelas notas do violino. Armand trazia o som — canções que se tornavam menos tristes e mais esperançosas. Josh ensinou Armand que suas mãos, marcadas pelo sal e pelo sol, eram capazes de criar beleza além do trabalho braçal. Armand mostrou a Josh que a pausa entre uma nota e outra era tão importante quanto as palavras no papel.
O amor não foi um furacão, mas sim a maré: constante, previsível, lavando suavemente as areias de suas almas solitárias.
Num dia comum, com o pôr-do-sol pintando o céu de laranja e roxo, Josh colocou seu caderno de lado.
“Armand”, ele chamou.
O violino calou-se. Armand olhou para ele.
“Eu não vim para Marseille procurando por você”, Josh disse, sua voz um sussurro quase carregado pelo vento. “Mas acho que a minha história sempre deveria ter sido sobre você.”
Armand baixou o violino. Pela primeira vez, Josh viu um sorriso completo iluminar seu rosto sério.
“E a minha música”, Armand respondeu, sua voz mais áspera do que a de Josh, “só aprendeu a falar de amor quando você começou a ouvir.”
Naquele cais, entre o cheiro de peixe e o som das gaivotas, os dois mundos — o do escritor parisiense e do pescador marselhês — fundiram-se num só, completo, sob a imensidão do céu que beijava o mar.




